Revista FONAMEC
- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 273 - 285, maio 2017
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aconselhamento e psicoterapia também podem utilizar a CNV para criar
relacionamentos, com os pacientes que sejam mútuos e autênticos.
Esta é uma das razões pelas quais o Processo de Justiça Restaurativa,
sai do campo do direito para uma positivação do “Estado de Direito”, que
dependerá de uma ferramenta que humanize as relações interpessoais na
sociedade, através das técnicas de facilitação de novos processos relacio-
nais, que envolvem estímulos e desestímulos às condutas humanas.
Operadores do direito, membros da comunidade, profissionais de
um modo geral, podem aprender tais processos de comunicação, que
mostram que tanto na ciência comportamental, ou no resgate cultural e
antropológico, uma cultura ultrapassada ficará em seu tempo, para que
novas formas se construam, as quais são extremamente necessárias para
manutenção da vida e do planeta.
Transcender nosso próprio papel e sermos autênticos nos proces-
sos de comunicação, aplicando os métodos de escuta empática e diálogo
respeitoso, nos possibilita uma oportunidade de conexão com o outro,
que resulta muito positiva para eficácia da Justiça Restaurativa.
Aplicando a técnica da Comunicação Não Violenta, a Central de
Práticas Restaurativas do Juizado Regional da Infância e da Juventude de
Porto alegre, por exemplo, aponta experiências de práticas exitosas com
a Justiça Restaurativa, que se inicia experimentando procedimentos res-
taurativos com base nos princípios da Justiça Restaurativa observando as
etapas processuais: pré-círculo (preparação do encontro); círculo (realiza-
ção do encontro subdividido em três etapas; compreensão mútua, auto –
responsabilização e acordo) e pós-círculo (acompanhamento do acordo).
Que em regra, seguiram por um tempo na metodologia da CNV (Comuni-
cação Não Violenta), sendo que, no ano de 2007, a CPR/IIJ iniciou estudos
e testes de novas metodologias, no intuito de adequar e enriquecer as
diversidades das situações, oriundas dos encaminhamentos realizados.
Paralelamente a metodologia desenvolvida pela CNV, surge a vertente
de práticas restaurativas inspirada nos povos indígenas norte-americanos
desenvolvida através de ensinamentos da Professora Kay Pranis, que en-
canta a todos pela suavidade e pelo refinamento com a metodologia dos
Círculos de Paz.
Pranis (2011, p.25), ensina que embora o círculo possa ser combi-
nado com outros processos, ele tem várias características que são únicas
e que o distinguem: