Revista FONAMEC
- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 273 - 285, maio 2017
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não se universalizou. Por outro lado, o intelecto mecânico do homem ain-
da é um obstáculo para lhe permitir compreender com delicadeza e sim-
patia, as mudanças que estão desorganizando a vida e as relações sociais
e, principalmente, para se abrir a “trocar suas lentes” diante da discussão
das opiniões de célebres autores consultados sobre a influência da prática
da comunicação não violenta e dos círculos de paz - dois institutos de re-
levância e que servem de fundamento e de base para o desenvolvimento
da Justiça Restaurativa no Brasil.
2 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO DE UMA NOVA ABORDAGEM SOBRE
CÍRCULOS DE CONSTRUÇÃO DE PAZ, NOS QUAIS SE ALIMENTA A
CONSTRUÇÃO DE VALORES ATRAVÉS DA CIVILIDADE E MUTUALI-
DADE. UM DIÁLOGO INICIAL, COM PENSAMENTO DE KAY PRANIS
(PRANIS, 2010)
Relata Kay Pranis (2010, p.39-40):
Os Círculos de Construção de Paz não são um processo neu-
tro, livre de valores. Ao contrário, são conscientemente ergui-
dos em cima de um alicerce de valores partilhados. Não se
prescreve um conjunto específico de valores para os Círculos,
mas a estrutura axiológica é a mesma para todos eles.
Os Círculos partem do pressuposto de que existe um desejo hu-
mano universal de estar ligado aos outros de forma positiva.
Os valores do Círculo advêm desse impulso humano básico.
Portanto, valores que nutrem e promovem vínculos benéficos
com os outros são fundamento do Círculo.
Não existe uma forma única de expressar esses valores, e
mesmo que minha experiência tenha demonstrado que são
similares em grupos diferentes, jamais se pode partir do
pressuposto de que todos já os conhecem. Nos Círculos de
Construção de Paz identificamos esses valores intencional e
explicitamente antes de começar o diálogo sobre as questões
em pauta. Os integrantes do Círculo devem verdadeiramente
assumir esses valores, já que serão instados a usar de toda a
sua capacidade para agir segundo os mesmos ao longo dos
trabalhos.