Revista FONAMEC
- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 94 - 110, maio 2017
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ou mais agentes. Todo o seu esforço era voltado para tornar
mais úteis e práticas as ideias lançadas em Theory of Games
and Economic Behavior (1947), por Von Neumann e Mor-
genstern. Ainda que as estratégias puras não mostrassem
um ponto de equilíbrio, sempre se poderia encontrá-lo por
mei de mistura das linhas de ação.
Nessa esteira de entendimento, necessário diferenciar situações
onde existe uma relação de continuidade, daquelas que são pontuais, e
que podem ser resolvidas em uma única “jogada”. Nestas, o equilíbrio
de Nash consiste em agir de forma competitiva, já que a maximização do
ganho individual é atingida e não há incentivos para que haja cooperação,
dadas as possibilidades de condutas da outra parte, cujo contato se en-
cerra ali. Negociações simples e referentes a valores monetários exempli-
ficam de forma satisfatória essa situação.
Por outro lado, pode-se afirmar que em relações continuadas, o
equilíbrio de Nash consiste em cooperar. Observa-se, contudo, que essa
atitude cooperativa é estimulada como forma de otimização do próprio
ganho individual e tem como consequência a geração de ganhos mútuos.
Explica Tavares (2012) que:
(...) em um jogo devem estar especificadas as ações que po-
dem ser empreendidas pelos jogadores. Uma ação de um jo-
gador é a manifestação de sua vontade em termos reais, ou
seja, é uma atitude, tal como cooperar ou não com o seu opo-
nente, fazer acordos ou “guerrear”, reagir ou se acomodar
diante de uma ameaça entre outras alternativas. Em relação
a acordos e cooperação, a teoria dos jogos pode ser classifi-
cada como jogos cooperativos, aqueles em que os acordos
são permitidos, e jogos não-cooperativos, nos quais os acor-
dos não são possíveis.
Assim, a mediação enquadra-se na definição de jogos cooperativos
e se destaca como método mais adequado de resolução de conflitos em
situações onde há relação de continuidade entre os envolvidos. É o que
se verifica em questões que envolvem família e vizinhança, por exemplo.
Ocorre que na maioria dos conflitos, as partes se posicionam como ad-
versárias, onde vencer a disputa torna-se objetivo primordial dos envolvidos.