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Revista FONAMEC

- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 189 -199, maio 2017

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Para que haja êxito na mediação do conflito essa comunicação só

será possível graças à relação face a face, graças ao olhar, fundamental

ponto de partida para a relação com o outro. É através da troca de pala-

vras que nós conhecemos o outro e nos fazemos conhecer por ele. Esta

é uma ação sem violência, na medida em que me exponho ao outro e

renuncio a toda dominação. (MENDONÇA, 2010).

Na compreensão de Buber (1977) a palavra princípio EU-TU funda-

menta o mundo das relações e são divididas em três esferas: a vida com a

natureza, a vida com outros homens e a vida com Deus. Vamos nos limitar

aqui a esfera da relação do homem com o outro homem.

Nas relações entre os homens é a participação efetiva e recíproca

entre ambas as partes, por meio do diálogo, o essencial. As palavras-prin-

cípio estão relacionadas ao homem ao longo de sua existência e permite-

-lhe estabelecer relações, que são caracterizadas pela palavra princípio

EU-TU. Tais palavras nos permite estar na relação com o outro, para Buber

(1977, p. 2/18):

[…] o homem só se torna EU, na relação com o TU […]. A rela-

ção é reciprocidade. Meu TU atua sobre mim assim como eu

atuo sobre ele, o diálogo na relação EU-TU se caracteriza pela

presença e abertura do outro. Ainda segundo Buber, o diálo-

go autêntico funda-se numa relação de reciprocidade, e sendo

esta reciprocidade existencial, ela pressupõe semelhanças e

diferenças, que colaboram para o enriquecimento da relação.

Liberdade e decisão são categorias fundamentais para Buber, no

que tange à comunicação dialógica.

Este entendimento converge para os princípios da mediação: um

princípio é o da liberdade dos indivíduos em participar da mediação, que

é uma prática voluntária, sendo o querer aceitar o chamado para travar

um diálogo capaz de desenvolver um sem número de possibilidades que

veem em si mesmos e no seu contexto. Isto leva ao reconhecimento da di-

ferença e à restauração da confiança e ao fortalecimento dos ideais de co-

munhão. Outro princípio é o da não-competitividade, já que a mediação

estimula um sentimento de cooperação e solidariedade. Sobre a filosofia

do outro em Buber, em hipótese alguma o Outro pode ser um objeto.

Por último temos vinculado à relação dialógica, o princípio do poder de

decisão na mão dos conflitantes (VON ZUBEN, 1977 apud BUBER, 1977).