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Revista FONAMEC

- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 286 - 302, maio 2017

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Sem se reconhecer humano e sem reconhecer o outro como um

ser humano, capaz de erros, acertos e mudanças, tais práticas não seriam

passíveis de êxito. Daí o reconhecimento, defendido por vários autores,

a exemplo de Hegel, Mead e Winnicott, que foram retomados e aprimo-

rados por Axel Honneth ao criar uma teoria crítica do reconhecimento, a

partir de conceitos trabalhados por esses filósofos, defendendo que as

formas de ofensas ao reconhecimento são causadoras dos conflitos so-

ciais e para encontrar soluções é necessário descobrir e combater tais

formas desrespeitosas no meio social.

3 UMA LUTA POR RECONHECIMENTO DE ALEX HONNETH E SUA CO-

NEXÃO COM A JUSTIÇA RESTAURATIVA

Em sua obra “Luta por Reconhecimento”, Axel Honeth aborda os

fundamentos de uma teoria social de teor crítico-normativo, utilizando

por base os modelos conceituais de Hegel com inclusão de conceitos da

psicologia social de George H. Mead e Donald Winnicott.

Os conceitos de Honneth se escoram na construção de uma gramáti-

ca calcada na feitura de uma identidade que se caracteriza por uma luta pelo

reconhecimento. Seus conceitos se baseiam no processo de construção da

identidade pessoal e também coletiva e essa identidade se alcança através

da luta pelo reconhecimento. A ausência desse reconhecimento ocasiona

os conflitos sociais e pessoais. Para fundamentar a resistência politica, faz-

-se necessária a compreensão do conceito de reconhecimento.

Dos escritos de Hegel, retira-se a abordagem de questões sociais,

onde o conceito de reconhecimento se contrapõe ao de Hobbes. Hobbes

defende que o comportamento social e individual podem se reduzir a im-

perativos de poder. Esses poderes reduzem o homem à figura de um ani-

mal, que, para se autopreservar e autoproteger, traça como possibilidade

o aumento de seu poder relativo em desfavor do outro, daí a necessidade

de se criar o Estado para exercer esse controle.

Hegel, renega tal abordagem defendendo que o espaço das esferas

sociais não se definem pela busca da integridade física dos sujeitos mas

sim pela busca da eticidade. Nela as relações e práticas intersubjetivas

ocorrem além do poder estatal ou de uma simples convicção moral e in-

dividual. É uma luta pelo reconhecimento, sendo o conflito a lógica do

desenvolvimento moral da sociedade. (HONNETH, 2003, P. 51).