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Revista FONAMEC

- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 286 - 302, maio 2017

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Mead, numa perspectiva materialista, com fundamento em uma

sociedade vinculada às relações de trabalho, apresenta teoria de reco-

nhecimento com três modos distintos nas esferas de reprodução social:

relações amorosas, relações jurídicas e relações de estima social.

Define as relações amorosas como sendo todas as relações pri-

márias onde ocorram ligações emotivas entre poucas pessoas, como por

exemplo relações de amizades, relações sexuais, e relações pais e filhos e,

nesse aspecto, concorda também com Hegel. (HONNETH, 2003, p. 136).

Nas relações jurídicas, o reconhecimento é concebido quando o in-

divíduo sabe que possui obrigações em relação ao outro, que também é

sujeito de direitos. Ambos se reconhecem, reciprocamente, como pessoas

capazes e com autonomia sobre normas morais. (HONNETH, 2003, p. 144).

Por fim, a estima social tem aplicação nas propriedades particulares

(diferenças pessoais). Desta forma, são formulados os valores e objetivos

éticos utilizados para autocompreensão cultural da sociedade. Essa auto-

compreensão determina os critérios pelos quais se orienta a estima social

das pessoas. (HONNETH, 2003, p. 153).

Honneth aperfeiçoa esses pensamentos, uma vez que ambos os

pensadores não definem de forma adequada quais as experiências so-

ciais, de onde a luta pelo reconhecimento deve se originar no processo

histórico. Os dois pensadores, explica Honneth, deram à luta social uma

interpretação em que ela pôde se tornar uma força estruturante para a

evolução moral da sociedade. No entanto, nem em Hegel, nem em Mead

é possível encontrar uma consideração sistemática das formas de desres-

peito que podem tornar concreto, na condição de equivalente negativo

das correspondentes relações de reconhecimento, que é o fato do reco-

nhecimento denegado.

Assim, Honneth apresenta e diferencia as diversas espécies de re-

baixamento e ofensa que os homens passam e sua ligação com o tipo de

forma de reconhecimento resultante da tese. As formas de desrespeito se

distinguem, assim, verificando-se em qual nível de autorrelação de uma

pessoa, intersubjetivamente adquirida, essa forma de desrespeito pode

lesar ou mesmo destruir. (HONNETH, 2003, p. 157).

Defende, o mesmo autor, que a integridade de cada ser humano se

fundamenta em padrões de reconhecimento e de assentimento traçados

de forma intersubjetiva e para cada forma de reconhecimento há uma

correspondente forma de desrespeito ou de reconhecimento recusado.