Revista FONAMEC
- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 384 - 406, maio 2017
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No grupo, ninguém tem experiência com segurança pública,
nem “trabalha” armado. São servidores públicos, contado-
res, comerciantes, motoristas de ônibus e aposentados. Não
há mulheres na patrulha, mas eles já admitem o reforço fe-
minino. Ainda este mês, algumas mulheres devem se juntar
à patrulha. A exigência de mulheres na equipe se faz devido
ao fato de, em algumas abordagens, ser necessária a revista
em pessoas do sexo feminino.
Há entre os membros da patrulha pessoas que já foram as-
saltadas ou que tiveram parentes atacados pelos criminosos.
Também há aqueles que nunca foram assaltados ou tiveram
familiares atacados, mas que estão inconformados com a es-
calada da violência no local.
“Quando saio de casa, deixo minha esposa e meus filhos. En-
quanto eles dormem, eu estou do lado de fora consciente
de que estão seguros dentro de casa”, disse um membro da
patrulha comunitária.
Por medida de segurança, eles preferem não se identificar.
Dizem que podem ser reconhecidos facilmente pelos crimi-
nosos durante o dia e, como estão desarmados ficam vulne-
ráveis a represálias. Além disso, ainda há riscos de criminosos
presos pelo grupo se vingarem nos familiares desses homens.
“Passamos o dia trabalhando e, mesmo à luz do dia, fica-
mos preocupados com nossa família que está em casa. Por
isso, tomamos algumas precauções quanto à exposição dos
nossos rostos e à nossa identificação. Mas adiantamos para
as autoridades de segurança que não estamos cometendo
nenhuma irregularidade. Não tratamos ninguém mal. Não
espancamos nem desrespeitamos os direitos do cidadão de
bem. Só não permitimos que bandidos saiam das grotas e
ameacem nossas famílias”, disse o líder do grupo.
Falta de segurança motivou patrulha
Depois de “peregrinar” em quartéis e delegacias em busca
de policiamento, moradores decidem ir às ruas