Revista FONAMEC
- Rio de Janeiro, v.1, n. 1, p. 384 - 406, maio 2017
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entram na comunidade. Ao menor sinal de suspeita, o que
acontece sempre quando são verificados grupos ou duplas
de jovens que não moram no bairro, acontece a abordagem.
Na abordagem, a pessoa é obrigada a se identificar e a dizer
o que está fazendo naquele local e àquela hora da noite.
“Em muitos casos, encontramos rapazes que não têm pa-
rentes no loteamento, não conhecem ninguém no local e
dizem que estão apenas passeando”, contou um dos patru-
lheiros comunitários.
O patrulhamento nas ruas do loteamento não tem hora para
acabar. O que determina o término da ronda é o movimento
de pessoas nas ruas. Quando está chovendo, o grupo tam-
bém se divide e fica sob as marquises das casas comerciais
acompanhando o movimento de pessoas suspeitas. Os rádio-
-comunicadores são muito utilizados nestes dias.
PROTESTO
- Mas como não podem levar o projeto adiante
por muito tempo, a comunidade se reúne hoje pela manhã, a
partir das 10h, para traçar estratégias em mais uma tentativa
de alerta às autoridades de segurança pública sobre a esca-
lada da violência no loteamento. O encontro será no meio
da rua, em frente ao Mercadinho União, que já foi assaltado
duas vezes.
A pauta do encontro de hoje será a ausência da PM no lote-
amento. “O que os moradores decidirem será acatado, mas
já temos como ponto principal da pauta o fechamento de
pista que dá acesso aos conjuntos Moacir Andrade, Selma
Bandeira e Luiz Pedro III”, disse um integrante da comissão
de moradores.
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A essa espécie de manifestação se soma uma outra, absolutamente
deletéria: tem segurança ou o direito de sentir-se seguro quem paga por
ela. O direito à proteção, assim, além de excludente, se transforma numa
espécie de mina a ser explorada, cujo lucro é diretamente proporcional à
21 Reportagem de Deraldo Francisco,
in “
O Jornal”, 23 de julho de 2006.