No Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (06), que dá visibilidade à Campanha do Laço Branco, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), por meio do Fórum Permanente de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero e do Núcleo de Pesquisa em Gênero, Raça e Etnia (NUPEGRE), promoveu o evento “Masculinidades e não violência: uma perspectiva dos grupos reflexivos para homens autores de violência”.
O encontro ocorreu presencialmente no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura e foi transmitido via plataformas Zoom e YouTube, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
“Esse debate é muito importante, principalmente no enfrentamento da violência contra a mulher, pois só com a união de esforços e de várias perspectivas é que conseguiremos avançar na proteção e nos direitos humanos das mulheres em situação de violência doméstica e familiar”, ressaltou a presidente do Fórum, juíza Adriana Ramos de Mello, doutora em Direito Público e Filosofia Juridicopolítica pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), coordenadora do NUPEGRE e líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Direitos Humanos e Acesso à Justiça da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM).
Violência de gênero
A procuradora Carla Rodrigues Araujo de Castro, doutora em Direito pela Universidade Gama Filho e membra do Fórum, pontuou: “Muitas pessoas acham que a violência doméstica é coisa de mulher, mas na verdade é uma violência que atinge toda a família e toda a sociedade”.
“A violência de gênero está expressa de diversas formas, não é só a violência doméstica. A discriminação contra as mulheres perpassa toda a sociedade, e dentro dela temos as violências institucionais, obstétricas, simbólicas e domésticas. O que acontece no interior dos lares é o ápice do que toda a nossa sociedade tem como regra de patriarcado”, complementou a juíza Camila Guerin, especialista em Gênero e Direito pela EMERJ e membra do Fórum e da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (COEM).
Patriarcado
“O homem também é vítima do patriarcado quando, de forma inconsciente, é obrigado a assumir determinados papéis de gênero, a observar determinadas condutas para que seja aceito socialmente como homem e a reproduzir a violência contra a mulher. Por isso estamos falando de masculinidades e não violência, para começarmos a dialogar e encontrar formas de eliminar a violência, trazendo consciência não só para as mulheres, mas também para os homens”, explicou a juíza Camila Guerin.
Machismo também foi tema de debate. A juíza membra do Fórum e da COEM, Elen de Freitas Barbosa, afirmou: “A luta da violência contra as mulheres não é uma luta contra os homens, mas sim contra a violência. No Brasil, temos altos índices de violência e só vamos conseguir reduzir quando estivermos todos engajados, inclusive os homens, pelo fim do machismo e pelo fim da nossa cultura patriarcal”.
Violência de gênero e doméstica
“A violência perpassar a vida dos homens e das mulheres. A construção de identidades masculinas perpassa por muitas violências desde a vida pré-uterina. Há diversas falas que refletem um processo educacional de naturalização de comportamentos agressivos que estão presentes em toda nossa educação e no processo de socialização”, falou o subdelegado estadual da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), André Henrique dos Santos Francisco, doutor em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF) e especialista em Sexualidade Humana pelo Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR).
Demais participantes
Também participaram da reunião: a psicóloga Elaine Cordeiro, mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Psicologia Jurídica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); o psicólogo José César Coimbra, doutor em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio); o policial militar Fabrício Cruz Barreiro, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Ciências Criminais; o psicólogo Paulo César da Conceição, coordenador do Centro de Referência do Homem de Duque de Caxias; e a pesquisadora do NUPEGRE Lívia de Meira Lima Paiva, doutora em Direito pela UFRJ e professora e pesquisadora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ).
Transmissão
Para assistir à transmissão do evento, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=aoMRiDYm8aE
Foto: Taisa Cavalcante
06 de dezembro de 2022
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)