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EMERJ celebra cerimônia de formatura dos alunos do Curso de Pós-Graduação em Direito Público e Privado 2024.1

Ícone que representa audiodescrição

“É sempre com especial emoção que me dirijo aos formandos nessas cerimônias de formatura. Um momento que marca não apenas o encerramento de uma etapa, mas, sobretudo, o início de uma etapa nova. Em cima dessa fase, se iniciará outra e temos dados da nossa Escola que nos dão conta de que é exatamente a partir do CP-VI que a Escola começa a aprovar mais nos concursos públicos. Isso é óbvio, é uma Escola que cobra muito. É um desafio muito grande se preparar para o ENAM, para as provas específicas e também para as provas elaboradas em nossa Escola. Com essa etapa cumprida, todos estão preparados e com tempo disponível para se preparar para o motivo pelo qual vieram fazer a EMERJ que é a aprovação no concurso público para a magistratura do estado do Rio de Janeiro. Hoje, celebramos as conquistas de cada um dos formandos, que dedicaram tempo, esforço e paixão ao estudo do Direito Público e Privado”.

Com estas palavras, o diretor-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo, iniciou a cerimônia de formatura dos alunos do 1º semestre de 2024 das turmas A, B e C do CP-VI do Curso de Pós-Graduação em Direito Público e Privado, “Turma Desembargador Claudio Brandão de Oliveira”.

A solenidade aconteceu na noite desta quinta-feira (8), no lotado Plenário Ministro Waldemar Zveiter, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).

O diretor-geral da EMERJ destacou: “A EMERJ tem que ser vista como um meio, não como um fim. Todos sairão daqui com um belo título de especialização, pós-graduados, com especialização de terceiro grau. Mas vocês não vieram aqui para isso. Nossa Escola é conhecida como a Escola do juiz, da juíza, e nós, seja dando aula, seja na administração, vemos vocês nas salas de aulas como futuros colegas. Na advocacia privada especializada, na advocacia pública especial, nas procuradorias, na magistratura, no Ministério Público, como servidores da justiça. A EMERJ cresceu. A Escola do juiz, da juíza, hoje tem vários braços, eu diria que hoje é a Escola do profissional do Direito”.

“O caminho para se tornar julgador exige foco e disciplina. Disciplina, disciplina, disciplina. Ninguém nessa mesa chegou aqui sem disciplina. Hoje celebramos uma vitória que vocês têm o direito de celebrar, mas a história de vocês não deve parar por aqui. É essencial que se mantenham estudantes atualizados sobre as mudanças legislativas, jurisprudências recentes, discussões doutrinárias... a busca pelo conhecimento deve ser uma constante na vida de cada um de vocês. Além disso, é crucial desenvolver habilidades práticas para o sucesso no que cada um de vocês visa. Participem de grupos de estudos, dos simulados que a Escola da Magistratura está fazendo, compareçam aos nossos Fóruns Permanentes. Não falo por mim. A Escola tem 35 anos, é filha dileta da Constituição. Tudo isso é para vocês. Vocês continuam estudantes da EMERJ. A EMERJ nunca saíra de vocês”, prosseguiu o desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo.

O diretor-geral da Escola concluiu com orientação aos formandos: Que este seja apenas o começo de uma trajetória repleta de realizações, aprendizados e conquistas. Estou confiante de que com dedicação, foco e disciplina, muitos daqui estarão em breve ocupando estas mesmas cadeiras, mas na cerimônia de posse de novos juízes do estado do Rio de Janeiro”.

Nome da turma

Os alunos do 1º semestre de 2024 das turmas A, B e C do CP-VI do Curso de Pós-Graduação em Direito Público e Privado escolheram homenagear o desembargador Claudio Brandão de Oliveira, diretor-administrativo e magistrado supervisor de Licitações e Contratos da EMERJ. Ele recebeu uma placa de homenagem.

Paraninfo, patronesse e mestres homenageados

Professor homenageado - Promotor de Justiça do MPRJ Guilherme Peña de Moraes

“Não acho essa homenagem merecida, mas quero agradecer pela honraria que me foi concedida. Essa turma sempre foi muito especial, de modo que eu sempre aprendi mais do que ensinei. Não me sinto merecedor dessa honraria, mas agradeço, sinceramente, pela concessão. Quero hoje falar brevemente sobre um assunto que para o operador do Direito, e aquele que especialmente se dedica ao concurso público, é algo muito especial. Quero falar sobre o papel da sorte. Dependendo da sua crença o destino, o acaso ou a estrela. Mas o papel da sorte acho que talvez seja um assunto interessante para abordarmos hoje. Esse ano, para ser exato no dia 21 de maio de 2024, o grande autor americano Cass R. Sunstein publicou um livro chamado ‘Como ficar famoso’. Quando o livro saiu, soou estranho que aquele grande constitucionalista de Harvard Law School publicasse um livro com esse título e o subtítulo do livro é ‘Einsteins esquecidos, estrelas não lembradas e como os Beatles foram o que são’. E eu comecei a ler o livro e a tese dele é, basicamente, a seguinte: 52% das suas conquistas se baseiam em sorte. Ou seja, mais da metade daquilo que você se propõe a realizar decorre da sorte. Diz ele, evidentemente, que há outros fatores importantes como talento nato ou adquirido, mas sorte é fundamental. Sorte, evidentemente, associada a timming adequado, rede de apoio, mas a sorte é algo importante. Sobre a sorte, no passado, Cervantes dizia que a perseverança é a mãe da boa sorte. Recentemente no Brasil, o professor Guilherme Junqueira publicou um livro em que ele diz que na vida há três bens escassos, que são: dinheiro, tempo e atenção. O que me pareceu muito adequado. E, recentemente, a melhor definição que vi de sorte pertence ao filósofo americano Anthony Hopkins, que diz que sorte, na verdade, é o somatório entre preparo e oportunidade. É isso que quero falar a vocês, meus formandos. O preparo, a Escola se esmerou em fornecer-lhes. A oportunidade chegará naturalmente. Portanto, creiam no que digo agora: a sorte irá sorrir para vocês. Preparo vocês têm, oportunidade conquistarão e a sorte será alcançada”

Mas, mais importante do que alcançar a sorte e seus objetivos, será aquilo que depois vocês irão se propor. Não desejo apenas sorte, mas a mensagem do que esperamos de vocês depois da sorte. Trabalhem e construam suas carreiras com base em três pilares: trabalho, tempo e ousadia. É isso que faz de vocês diferentes, é isso que os torna filhos da EMERJ. Trabalho. Nada resiste ao trabalho, mas o trabalho com propósito. Além disso, tempo. Saiba esperar o seu tempo. Há tempo para tudo na vida, tempo de colheita, tempo de plantio. E além do trabalho e da espera, ousadia. Trabalho com paixão. A paixão é essencial. Concluo com uma frase de Chaplin: ‘abrace a vida com paixão. O mundo pertence a quem se atreve’.”

Paraninfo, juiz Marco Antônio Azevedo Júnior

“Agradeço a todos vocês pelo convite que me fizeram. Estou muito feliz de poder desempenhar o papel de paraninfo pela primeira vez na minha vida. Estou muito honrado e emocionado. Peço vênia incialmente para me dirigir não a vocês formandos, mas as suas mães, pais, esposas, maridos, filhos, companheiros, familiares e amigos, todos aqui presentes. A todos vocês eu agradeço o esforço, o apoio, o empenho financeiro, o sacrifício de tempo e convívio familiar. Não fosse esse sacrifício de todos vocês, não se poderia chegar aqui a esse resultado tão positivo. Muito obrigado por nos entregarem esses profissionais, tão qualificados, fornecendo a eles um ambiente acolhedor que permitiu tal sucesso.

Agora sim, a vocês, formandos. Agradeço a honra de ter sido escolhido paraninfo, pois isso indica muito mais do que qualquer laço formal. É uma questão de carinho, consideração, amizade, respeito, que são mútuos, recíprocos e eternos. Todos esses momentos que vivemos e essa relação professor aluno que se forma é muito especial, é única, é para sempre. Daqui 10, 20 anos, vamos nos encontrar na rua, nos corredores do Fórum, e essa sempre será uma memória afetiva, querida. É assim que eu me sinto toda vez que me encontro com meus professores da EMERJ.

Parabéns a todos por terem alcançado o tão almejado resultado, a formatura na EMERJ. Afinal, é um caminho muito difícil e árduo. Todos conhecemos a qualidade da EMERJ, sua exigência, sua envergadura. Um grau de excelência que exige de vocês muito esforço e dedicação, justamente para inserir essa Escola como a melhor do país. Logo, todos vocês são extremamente capacitados. Só quem viveu esse ciclo sabe o quanto é difícil se reinventar todos os dias durante três anos. Eu passei por isso, eu sei. Todo esse sacrifício valeu, pois chegamos juntos a esse momento de glória, de satisfação pessoal, coroando uma trajetória acadêmica e profissional. Todos estão aqui por um objetivo, por um ideal, seja acadêmico, seja para seguir uma carreira específica. E todos terão sucesso, pois detém qualidade para tanto e já demonstraram que são perseverantes, afinal, concluíram o CP-VI. Mas jamais podem se esquecer da essência e do objetivo maior: a justiça. Como Rui Barbosa nos ensina: pode haver ira sem pecado. Reprovável é a ira odiosa, cruel, sentimento meramente negativo e ruim. Agora, a ira contra a injustiça é a que deve nos fazer lutar pela salvaguarda dos direitos fundamentais, pela igualdade aos vulneráveis e nos faz lutar por um mundo melhor. Que esta segunda ira nos mova e nos permita sempre lembrar de seguir nossa essência.

Tenho certeza de que, em breve, nos encontraremos novamente neste exato plenário, na posse dos senhores como colegas juízes e magistrados. Deixo aqui registrado meu desejo de muito sucesso, felicidades e conquistas. Contem comigo sempre. Sejam abençoados. Parabéns e muito obrigado”

Patronesse, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) Elisa Ramos Pittaro Neves, professora de Direito Penal e Processo Penal

“Fiquei muito feliz por ter sido escolhida patronesse de vocês, dentre tantos professores brilhantes que compõe o corpo docente de excelência da EMERJ. Afinal, quem é o patrono de uma turma? é alguém que escolhemos para nos acompanhar em um momento solene de transição entre duas quadras de nossas vidas: uma que mal termina e já pertence a memória e outra que recomeça com sonhos e esperanças renovadas. Confesso, e acho que é o sentimento de vocês também, mas fico um pouco triste neste momento derradeiro. A saudade do convívio é uma questão de tempo, mas não há força nesse mundo que retire as boas lembranças desses nossos três anos de jornada. A passagem dos senhores pela minha como docente poderia ser resumida nos versos da Érica Grael: quando o encontro é bom, o desejo de ficar permanece inalterado. E no intervalo desse encontro descobrimos que ser presença na vida de alguém é ter a alma tatuada dentro do coração do outro. Mais uma vez, muito obrigada por todos esses anos, carinho e por ter sido escolhida patronesse da turma.

Gostaria também de me dirigir aos familiares que acompanham essa cerimônia, afinal, foram três anos cheios de sacrifícios. Nesse período eu pude presenciar, e seus familiares também, a superação de vocês de todos os limites pessoais. Dúvidas, incertezas, mas sempre seguindo em frente, firmes em seus objetivos. Apenas os que cursaram a EMERJ sabem o quanto essa rotina é desafiadora e exaustiva.

Formandos, como patrona dos senhores, gostaria de falar algumas palavras que talvez possam ajuda-los. Espero que os senhores utilizem todo o conhecimento jurídico que foi adquirido nessa Escola como instrumento de transformação da nossa realidade social. Todos, em qualquer dos papéis que caracterizam nosso sistema de justiça, deve estar perenemente consciente de seu dever de guarda de alguns valores morais, principalmente em um momento tão delicado que a sociedade brasileira passa de tantas crises que poderíamos resumir em uma grande crise moral. Não permaneçam alheios a essa realidade. Busquem sempre o que é direito e lutem por um país mais justo. Nunca percam de vista o ideal de justiça e me refiro à justiça como valor, não como função. Não se esqueçam que Direito é muito mais que a letra fria da lei, é também a arte de promover a humanização das relações. Não sejam máquinas de investigar, processar e julgar. Os senhores conhecem todas as teorias, dominam todas as técnicas, mas, ao tocar a alma humana, seja apenas outra alma humana, não percam jamais a sua essência. Sejam sensíveis as injustiças que se apresentarão a vocês e tentem as corrigir. Não precisam ter a ilusão de que mudarão o mundo, porque irão fracassar, mas nas carreiras jurídicas escolhidas pelos senhores surgirão algumas oportunidades de mudar as vidas de algumas pessoas. Façam isso.

Não podemos mais admitir aquela ideia contida na poesia do grupo Skank, na música em que eles falam ‘nossa indignação é uma mosca sem asas, que não ultrapassa a janela das nossas casas’. Vivemos em uma sociedade injusta, excludente, individualista e intolerante. Mas se sonhamos com uma sociedade justa e includente é nosso dever sermos mais justos, solidários, tolerantes e inclusivos. O Direito é uma ferramenta determinante para essa transformação judicial. Usem todo o conhecimento jurídico adquirido nessa Escola e não se contentem com uma sociedade desigual que foi inventada. Não sejam professores que não busquem incessantemente liberta-se das amarras da ignorância. Não sejam advogados que se movem exclusivamente por lucros. Não sejam promotores duros, cruéis e injustos. Não sejam juízes que busquem apenas alcançar metas e números. Sejam persistentes em seus ideais, não tenham medo de ousar, de ser e transformar. Sejam e façam a diferença. Tragam melhores dias para todos nós e nosso país. Aos senhores, futuros membros do Poder Judiciário, Executivo, Legislativo, do Ministério Público, Procuradoria, advocacias, defensoria, a todos os senhores, como patronesse, professora e amiga, desejo do fundo do coração sucesso. Esse carinho aquece a alma. Para finalizar, cito uma fala do ministro Barroso: ‘voem alto, mergulhem fundo, encontrem o próprio caminho e sejam o melhor de si’. Deus abençoe a todos vocês”.

Desembargador Claudio Brandão de Oliveira, homenageado com o nome da turma

“Estou emocionado. E sempre me emociono em solenidades como essas. A emoção mostra a sensibilidade e o reconhecimento da importância de eventos como esse e de todo o simbolismo que ele traz. Vocês estão aqui porque resistiram. Porque não ouviram aqueles que falaram para desistirem. E esse é o grande simbolismo, o fato de vocês acreditarem em vocês. Não acreditem nas palavras de quem não acredita em você, porque elas não serão úteis.

Vocês estão aqui, acima de tudo, porque merecem. E é essa virtude que certamente os levará para outros sonhos. Eu já perdi muito na vida. Já perdi muito concurso para a magistratura. Eu, talvez, seja um bom exemplo para vocês. E não desisti. Eu já fui aluno da EMERJ e tive que sair porque não podia pagar. No dia que saí, eu não desisti e disse que ia voltar. Não desisti e voltei. E estou aqui hoje, sou nome de uma turma.

Não deixem de sonhar, não deixem de acreditar em vocês. Procurem conviver com pessoas que acreditem em vocês. Vale a pena sonhar, vale a pena voar.

Trago um texto de Menotti Del Picchia:

‘Goza a euforia do voo do anjo perdido em ti

Não indagues se nossas estradas, tempo e vento desabam no abismo.

que sabes tu do fim...

Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas

conserva a ilusão de que teu voo te leva sempre para mais alto

no deslumbramento da ascensão, se pressentires que amanhã estarás mudo,

esgota como um pássaro as canções que tens na garganta

canta, canta para conservar a ilusão de festa e de vitória

talvez as canções adormeçam as feras que esperam devorar o pássaro

desde que nasceste não és mais que um voo no tempo rumo ao céu?’

Voem e cantem e enquanto resistirem suas asas. Muito obrigado”.

Demais Homenagens

O funcionário da EMERJ Jorge Serafim Saraiva Soares, do Serviço de Secretaria de Estágio (SEEST) também recebeu homenagens da turma.

Agradecimento dos alunos

Aluno Marcos Orlando Cardoso Massena Filho, representante da Turma CP-VI A

“Homenagear a turma A, sendo seu orador, em 5 minutos, é uma tarefa árdua que requer planejamento. Assim, da mesma forma que esses 3 anos de EMERJ nos demandaram planejamento diário, falar da turma A e para a turma A requer um início, meio e fim. É por isso que, com os pés fincados no presente, precisamos olhar o passado. Vocês se lembram o que faziam no dia 8 de julho de 2021, por volta de 12h e 13h? Naquele dia, nesse horário, entrávamos em uma sala virtual e ficamos esperando a desembargadora falar os nossos nomes: os aprovados para a turma de 2021.2. Ali realizava-se um sonho: ingressar na EMERJ. Logo após, iniciava-se um outro sonho: terminar a EMERJ. Foram anos de muitas renúncias, angústias e batalhas. Foram finais de semana que exigiam da gente disciplina, frieza, cálculo e jogo de cintura. Afinal, a EMERJ é intensa. Após incontáveis casos concretos, inúmeras provas, com direito a pequenas humilhações em recursos, quedas de cabelo e pequenos surtos no banheiro, chegamos no dia de hoje. E com os pés fincados no presente, devemos ter a humildade e a honradez de lembrarmos daqueles que quiseram estar aqui no dia de hoje, mas que, por questões financeiras, emocionais, psicológicas, familiares, contingências da vida, não puderam estar. Amigos queridos que saíram da EMERJ, mas que merecem nossa lembrança neste dia. Como orador da turma A é meu dever não somente provocar uma reflexão, mas também colher de cada um de vocês esta noite um último compromisso: que no futuro que se aproxima, onde metade dos nossos anos se encontram no passado e a outra metade no futuro, que cada um de vocês em suas carreiras, tenham sempre em mente a consciência de servir ao próximo, em ajudar e a consolar os indefesos e que nunca se distanciem da principal função: a de fazerem o bem e de serem melhores à sociedade. Muito obrigado a todos!”

Aluna Luiza Andrade Schott, representante da Turma CP-VI B

“Acredito que momentos como o de hoje devem ficar na memória. Assim, nos momentos difíceis, podemos voltar a ele e lembrar do caminho percorrido e de todas as conquistas que já tivemos. Por isso, decidi me apropriar da técnica de didática do nosso professor homenageado Guilherme Peña e dividi a minha fala em três momentos: o antes, o durante e o depois. Antes, porque precisamos nos recordar do que nos levou a escolher ingressar na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Naquele momento, o mundo ainda vivia em uma pandemia; quase não tinham editais de concursos abertos e, ainda assim, decidimos por percorrer este caminho. Acredito que, para a maioria de nós, essa escolha foi movida por uma única palavra capaz de mover montanhas: sonho. Entramos aqui porque tínhamos um sonho, qualquer que ele seja, e tenho certeza que ele ainda vai nos levar para muitos outros destinos – espero que um deles seja exatamente esse auditório para a nossa posse. Uma vez li um livro infantil chamado ‘O menino, a toupeira, a raposa e o cavalo’. Eu sei que não parece ter sentido, mas prometo que vocês vão entender. É a história de um menino que, caminhando perdido em busca de casa, encontra com uma toupeira, com quem imediatamente faz amizade. Ela diz a ele que, para chegar em casa, devem seguir o fluxo do rio. E assim o fazem. Mas não era um caminho fácil, o que fez o menino ficar com bastante medo. Então, em um momento de reflexão, ele diz a toupeira: ‘imagine como seríamos se tivéssemos menos medo?’. E a toupeira reponde: ‘a maioria das toupeiras velhas que conheço queria ter ouvido mais seus sonhos que seus medos’. Ao optar por iniciar o curso aqui na EMERJ, escolhemos encarar nossos medos e ouvir nossos sonhos, independente de qual ele seja. Durante esses últimos três anos, passamos por momentos de grandes dificuldades, seja na vida pessoal, seja no curso. Certamente, ninguém chegou até aqui sem, no mínimo, um joelho ralado. Mesmo aos trancos e barrancos, mesmo com medo, demos voz aos nossos sonhos. Acho que somos uma turma composta por grandes sonhadores e, talvez por essa razão – ou por sorte mesmo-, somos tão unidos. Digo isso sem medo. Brincadeiras à parte, voltando à história do menino, durante o caminho, já depois de ter encontrado mais dois colegas pelo caminho, a raposa e o cavalo, cansado de tanto caminhar sem encontrar a sua tão sonhada casa, o menino afirma: ‘temos um caminho tão longo pela frente. Acho que não consigo fazer isso’ e o cavalo diz: ‘pedir ajuda não é o mesmo que desistir, mas se recusar a desistir. Veja como chegamos tão longe’. No nosso percurso, quantas vezes pensamos em desistir? E quantas tantas outras vezes fomos estimulados a continuar? Talvez, uma faz frases mais ditas nesses três anos foi: ‘já chegou até aqui! Se trancar não volta mais’. De uma forma bem menos poética, nós fomos grandes adeptos do ‘ninguém solta a mão de ninguém’ e, graças a isso, estamos todos aqui hoje! Bom, ainda sobre o ‘durante’, não só os nossos colegas exerceram o papel do ‘cavalo’ neste caminho. Talvez, esse papel caiba de uma forma muito melhor aos nossos professores. Muito mais do que a exposição de conteúdo – que foi nos transmitido com gigantesca maestria -, traziam experiencia, trocavam ideias e, principalmente, nos davam a sensação de segurança e acolhimento, algo preciso na nossa realidade. Obrigada por terem nos conduzido com tanto brilhantismo! Para que ninguém saia daqui curioso, no final do livro, o menino finalmente encontra a casa que tanto sonhava. Se despede de seus novos amigos e segue em direção à casa. De repente, volta correndo e afirma ‘a casa nem sempre é um lugar, não é?’.  A verdade é que, antes mesmo de seu objetivo – um local aconchegante, seguro, no qual se sentisse amado – sem que percebesse, encontrou “casa” em seus companheiros. Sobre o ‘depois’, sei que ainda temos um longo caminho pela frente, que nosso objetivo não é propriamente um lugar aconchegante, seguro e quentinho, mas sem sobra de dúvidas, a nossa turma encontrou uma ‘casa’. Por isso, posso dizer: essa formatura não é uma cerimônia de encerramento. Não tem uma função sintática de ponto final. Hoje estamos aqui reunidos para olhar o quão longe já chegamos, para saber que somos capazes de ouvir nossos sonhos e para ter a certeza de que temos, para sempre, uma casa. Espero que nos encontremos em breve, aqui mesmo, no Tribunal Pleno, para a nossa tão sonhada posse! Que nunca deixemos de sonhar! Obrigada por tudo!”.

Aluna Karla Fernandes Parga representante da Turma CP-VI C

“Temos orgulho de fazer parte dessa Escola. Se em 2021 esse dia parecia tão distante, hoje ele se torna realidade. Foi uma trajetória árdua. Começamos na modalidade virtual. Passamos por uma transição e somos bravos, valentes e corajosos formandos. Unidos, que se ajudaram ao longo do tempo. Somos poucos, mas não é a quantidade que importa. Já provamos que é a qualidade. Quando eu era criança, eu e minha irmã pedimos para o Papai Noel uma bicicleta. E Papai Noel nos deixou uma carta, uma mochila e uma tremenda frustação. Vivíamos um período bastante difícil economicamente e o Papai Noel, que era meu pai, disse na carta: ‘deixo para você não aquilo que você me pede, mas aquilo que você precisa’. Era uma mochila para ir pra escola. Então o que eu quero dizer para vocês é que não importam as dificuldades que apareçam, não desistam. Nós estamos juntos e provamos isso. Vamos para os Tribunais desse país seja como advogado, promotor, defensor ou magistrado. Não sejamos empurrados pelos nossos problemas, sejamos conduzidos pelos nossos sonhos. Parabéns a todos pela conquista e que venham os novos desafios. Fomos treinados por essa Escola. Vamos com tudo, quebrando paradigmas. Muito obrigada por terem me escolhido para ser a oradora e por ter tido a oportunidade de ter compartilhado experiências. Somos gratos a Escola e aos nossos mestres, a ética e a justiça que habita essa casa. O que mais aprendi nessa Escola é que o que mais se tem nessa vida são dúvidas. O ignorante tem certezas, aquele que está aberto a aprender tem dúvidas. Muito obrigada”.

Mesa de formatura

Além do diretor-geral, desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo, e dos professores homenageados, também compuseram a mesa de honra formatura: o desembargador Luís Cláudio Braga Dell’Orto, vice-presidente do Conselho Consultivo e magistrado supervisor de Tecnologia da Informação da EMERJ; a desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira, membra do Conselho Consultivo e magistrada supervisora de Pedagogia e Ensino da EMERJ; Gabriela da Silva Rafael Carneiro, secretária-geral da EMERJ; e Bianca Oliveira de Farias, diretora do Departamento de Ensino (DENSE).

Demais participantes

O saxofonista Andy Drummond realizou apresentações musicais durante o evento.

Fotos

Acesse o álbum completo de fotos da cerimônia de formatura dos alunos do Curso de Pós-Graduação em Direito Público e Privado 2024.1 clicando aqui.

Assista

Para assistir na íntegra a formatura dos alunos do 1º semestre de 2024 das turmas A, B e C do CP-VI, do Curso de Pós-Graduação em Direito Público e Privado, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=Rs1ay3uEraQ

 

Fotos: Maicon Souza

08 de agosto de 2024

Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)