Pular para conteúdo
EMERJ

Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro

ícone da bandeira que traduz para o idioma Espanhol ícone da bandeira que traduz para o idioma Francês ícone da bandeira que traduz para o idioma Inglês ícone da bandeira que traduz para o idioma Português
Facebook da EMERJ Instagram da EMERJ X da EMERJ Youtube da EMERJ Flickr da EMERJ TikTok da EMERJ Spotify da EMERJ logo Threads  LinkedIn da EMERJ
Imagem da Fachada da EMERJ

Magistrados

Magistrados

Eventos

Eventos

Cursos Abertos

Cursos Abertos

Publicações

Publicações

Portal do Aluno

Portal do Aluno

Concursos EMERJ

Concursos EMERJ

EMERJ Virtual

EMERJ Virtual

Núcleos de Pesquisa

Núcleos de Pesquisa

Fale Conosco

Fale Conosco

ES | FR | EN | BR
 
Fale Conosco
Facebook da EMERJ Instagram da EMERJ YouTube da EMERJ Flickr da EMERJ TikTok da EMERJ Spotify da EMERJ logo Threads  LinkedIn da EMERJ

EMERJ realiza o evento Ela Sempre Esteve Aqui: A Experiência Democrática na Perspectiva do Povo Negro

Ícone que representa audiodescrição

Nesta segunda-feira (30), o Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) promoveu o evento Ela Sempre Esteve Aqui: A Experiência Democrática na Perspectiva do Povo Negro.

O encontro aconteceu presencialmente no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura. Houve transmissão via plataforma Zoom, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Abertura

O encontro foi aberto pelo presidente do fórum e doutor pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), juiz André Nicolitt, que declarou: “A tecnologia de opressão aplicada na ditadura militar tem raízes. Por isso que eu digo que a escravidão negra é a chave analítica da história universal, na verdade, ocidental.”

A vice-presidente do fórum, coordenadora do Fórum de Gênero e Raça da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (AMPERJ), promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) Roberta Rosa Ribeiro, enfatizou: “O nosso evento vem a partir da provocação de um youtuber que, na forma de uma crítica construtiva, apresentou uma falha em relação a aquele trágico episódio que é retratado no filme [Ainda Estou Aqui], de como essa experiência da população negra é uma experiência que, desde a invasão do Brasil por Portugal, vem se renovando dentro desse racismo que é vivenciado pela população negra, se renovando em situações de violações.”

A membra do fórum, mestra em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), promotora de Justiça do MPRJ Marcela do Amaral Barreto de Jesus Amado, frisou: “A gente está aqui construindo um espaço muito importante, e eu estou muito feliz com todos os nossos palestrantes. O poder do racismo, para mim, é justamente ele entrar na nossa cabeça e falar para você, todos os dias, que você é inferior, que você não pode, que você não consegue, que isso aqui não é para você. De todas as tecnologias que o racismo adota, ocupa, abraça, essa é a mais poderosa, porque nos coloca em um lugar de impotência.”

Palestrantes

O engenheiro, jornalista e produtor cultural Dom Filó ressaltou: “Eu acredito que o letramento racial a partir dos anos do Black Rio fez com que diminuísse o gap. O que foi para mim aos 17, 18 anos, a galera com 14 e 15 anos já estava entendendo. Eles já se entendiam como negros, e isso foi fundamental. Nós buscamos as referências no afro-americano, buscamos a estética, as músicas, shaft... Criamos a nossa noite do shaft, só que nós ressignificamos o contexto do afro-americano.”

E finalizou: “Em 1988, a gente vai para as ruas e somos parados pela repressão policial, em frente ao Ministério do Exército, próximo ao monumento de Zumbi dos Palmares, e ouvimos bem forte Nós vamos caminhar até onde o racismo deixar, de Amaury Mendes Pereira, aquele militante, hoje professor doutor. Um grande militante que está aqui. Ainda estamos aqui, nós ainda estamos aqui e estamos aqui na oportunidade de dizer para vocês, de corpo presente: ‘olha, foi isso que aconteceu e ninguém está dizendo por nós, são as nossas narrativas contadas por nós mesmos’.”

O escritor, jornalista e doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Alberto Medeiros pontuou: “Nós continuamos com uma série de problemas de discriminação em várias áreas e, fazendo uma metáfora médica, para que uma pessoa se cure de uma doença grave é preciso que ela reconheça a existência dessa doença para poder tomar a medicação necessária. Nós temos visto que, aos trancos e barrancos, nossa sociedade tem começado a reconhecer a existência desse problema [racismo], o que pode nos propiciar esse otimismo. Nós temos muita coisa a fazer, mas nós estamos no caminho.“

A professora de História na Educação Básica pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) e doutora em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Marize Conceição de Jesus, salientou: “A gente não pode nunca deixar de entender que esse processo e luta é um processo contínuo que atravessa toda a história desse país e que cada liderança, cada organização negra ao longo dessa história vem construindo aquilo que a gente hoje consegue, de certa forma, usufruir.”

E prosseguiu: “A gente precisa refletir sobre a relação entre a democracia brasileira e protagonismo negro na luta por direitos e como a pauta negra é urgente, porque ela é a pauta da maioria da população brasileira. Como pensar a pauta negra dentro dessa democracia? E se a gente for pensar em questionar essa democracia, qual democracia, se o tempo todo a elite buscou aniquilar os saberes, espiritualidades, filosofia, modo de ser e de ver e de fazer da comunidade não branca. Então, quando a gente pensa nessa tentativa de apagamento, que ficou tão latente nas nossas pesquisas, quando vamos pesquisar a ditadura militar, a gente sabe também que esse apagamento se deu durante toda a história do Brasil. É importante estar sempre demarcando isso.”

A historiadora e mestra em História Comparada pela UFRJ Gabrielle Abreu finalizou: “O racismo também fez parte da base político-ideológica da ditadura militar. Por mais que ele seja muito pouco debatido pela historiografia, o racismo também tem lugar nesse arsenal de valores e ideologias que a ditadura usou para mascarar essa legitimidade, essa necessidade de atuar e se consolidar no Brasil. Então, a perspectiva adotada naquele momento era de defesa incontestável do mito da democracia racial, dessa ideia de que no Brasil não há racismo e não há tensões de cunho racial e, usando esse discurso, a ditadura interditou de várias formas as discussões de raça e racismo no país, partindo da premissa de que seria um tema patrocinado e introjetado por comunistas e dissidentes, a fim de promover uma cisão racial. Diante de casos de racismo, que obviamente não deixaram de existir no período da ditadura militar, o regime alegava que se tratavam de circunstâncias pontuais, que não retratavam a maneira como as relações raciais se davam no país. O antirracismo, que ganhava força desde o período do pós-abolição orientado por diferentes matizes, foi frequentemente descredibilizado e desmoralizado pela ditadura.”

 

Assista

Para assistir na íntegra, acesse:  https://www.youtube.com/watch?v=jkHD10R6fk0

 

Fotos: Maicon Souza

1º de julho de 2025

Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)