A Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) realizou, nesta segunda-feira (21), a cerimônia do Prêmio EMERJ Mulheres do Ano – 2025. Cinco mulheres, com atuação de destaque em suas áreas, foram agraciadas com a entrega do Troféu Romy.
Receberam a comenda: a juíza federal e secretária-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Adriana Alves dos Santos Cruz; a deputada estadual Tia Ju (Jucelia Oliveira Freitas); a 2ª vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), desembargadora Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes; a desembargadora aposentada Myriam Medeiros da Fonseca Costa e a atriz e apresentadora Cissa Guimarães.
A solenidade, realizada no auditório Desembargador Antônio Carlos Amorim, foi abrilhantada pela apresentação musical de jazz instrumental executada pelo quarteto formado pelo desembargador Wagner Cinelli (teclado), pelo juiz Carlos Sergio Saraiva (baixo), por Mila Schiavo (percussão) e por Tino Junior (saxofone).
Houve transmissão pelo canal da EMERJ no YouTube, com tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Abertura
A cerimônia em homenagem à advogada feminista Romy Medeiros da Fonseca, que dá nome ao troféu, foi presidida pelo diretor-geral da EMERJ, Cláudio Luís Braga dell’Orto, que destacou na abertura do evento: “É uma honra enorme termos a oportunidade de realizar mais uma premiação EMERJ Mulheres do Ano – 2025, Troféu Romy, essa homenagem que a Escola da Magistratura incorporou ao seu calendário efetivo é, na verdade, criação da Romy Medeiros para prestigiar todas as mulheres brasileiras.”
E prosseguiu: ”Romy Medeiros foi uma mulher à frente de seu tempo, advogada, feminista, articulista e ativista incansável, foi uma das figuras mais influentes na luta pelos direitos das mulheres no Brasil, ao longo do século XX. Sua trajetória foi marcada por uma atuação jurídica e política que transformou profundamente a condição feminina no Brasil, especialmente no que diz respeito ao Direito Civil e à autonomia das mulheres casadas. Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Romy especializou-se em Direito de Família e, desde cedo, demonstrou sensibilidade para as desigualdades de gênero presentes na legislação brasileira.“
O diretor-geral da EMERJ finalizou: “O legado de Romy Medeiros da Fonseca transcende sua atuação jurídica, ela foi uma verdadeira arquiteta de mudanças sociais, uma mulher que soube usar o Direito como um instrumento de transformação. Sua vida é um exemplo de coragem, inteligência e compromisso com a justiça social. Em tempos que os direitos das mulheres ainda enfrentam desafios, lembrar de Romy Medeiros é reafirmar a importância da luta feminista e da participação ativa das mulheres na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O prêmio que leva seu nome é mais do que uma homenagem, é um chamado à continuidade de sua missão.”
Premiadas
A primeira premiada foi a juíza federal e secretária-geral do CNJ, Adriana Alves dos Santos Cruz.
A condecoração foi entregue pelo presidente do TJRJ, Ricardo Couto.
Ao agradecer a honraria, a juíza federal ressaltou: “Eu fui aluna da EMERJ, a Escola está no meu caminho, no meu DNA, então é muito emocionante vivenciar essa roda da vida. Estar aqui é fruto dessa caminhada de tantas pessoas que contribuíram para a minha formação. Nada do que foi anunciado como feito meu foi fruto da minha atuação individual, esse é um trabalho coletivo de tantas mulheres. Eu acho que esse prêmio e a atuação da Dra. Romy demonstram isso, se a gente está aqui hoje com autonomia, com possibilidade de realizar, é porque muitas outras vieram antes de nós e muitas pessoas, homens e mulheres, caminham junto conosco ao nosso lado para que as realizações possam ser feitas.”
A segunda agraciada com o Troféu Romy foi a deputada estadual Jucelia Oliveira Freitas - Tia Ju.
Ela recebeu a premiação das mãos da membra do Conselho Consultivo da EMERJ e Magistrada Supervisora de Pedagogia e Ensino da Escola, desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira.
A deputada estadual Tia Ju pontuou: “É uma honra receber esse prêmio com o nome de uma mulher tão emblemática como Romy e receber esse prêmio, para mim, não só é um compromisso de grande responsabilidade, mas também um chamado de continuidade de um legado de muita luta para que as mulheres hoje tenham direitos que elas têm. A caminhada ainda é longa. Romy, como tantas outras mulheres, começou e nos inspirou e é por isso que nós estamos aqui hoje e somos tão persistentes, porque nós sabemos o quanto isso é importante e significativo.”
Na sequência, a homenageada do Prêmio EMERJ Mulheres do Ano - 2025 foi a 2ª vice-presidente do TJRJ, desembargadora Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes. O Troféu Romy foi entregue pelo ministro do Supremo Tribunal de Justiça, ministro Antonio Saldanha Palheiro.
Ao receber a comenda, a desembargadora Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes manifestou: “Mulheres como a mãe de Myriam é que começaram a falar: nós temos voz. Nós não queremos meter medo, mas também não queremos ter medo. O Brasil vive um momento ainda de sub-representação das mulheres nos poderes.”
E finalizou: “A gente não quer disputar espaço, a gente não quer brigar com os meninos, muito pelo contrário, a gente quer, com nossos batons, os nossos enfeites e as nossas roupas, falar assim: estamos juntos, mas, por favor, não me mande mais calar a boca, não diga mais que eu não tenho fala, porque eu falo.”
Em seguida, foi a vez da desembargadora aposentada e filha de Romy Medeiros, Myriam Medeiros da Fonseca Costa.
A vice-presidente do Conselho Consultivo da EMERJ, desembargadora Ana Maria Pereira de Oliveira, foi quem realizou a entrega da comenda à homenageada.
Após receber o troféu, a desembargadora Myriam Medeiros da Fonseca Costa declarou: “Quero falar para vocês que nós vencemos e ganhamos, não tem negócio de luta contra o homem, mas tem que haver a participação da mulher, e eu estou vendo aqui mulheres maravilhosas.”
E encerrou: “Mulheres, vamos adiante! Ainda há muita coisa para ser feita.”
A quinta e última homenageada foi a atriz e apresentadora Cissa Guimarães.
O corregedor-geral da Justiça do TJRJ, diretor administrativo e Magistrado Supervisor de Licitações e Contratos da EMERJ, desembargador Cláudio Brandão de Oliveira, foi o responsável por entregar o Troféu Romy à premiada.
Cissa Guimarães manifestou: “Eu quero dedicar esse prêmio a dois anjos de luz que nos trouxeram tanta alegria e amor, que são Rafael Mascarenhas e Preta Gil.”
Em seguida, destacou: “Quero usar a minha voz como artista para lutar contra todo tipo de injustiça, em especial contra as mulheres, o meio ambiente, a população LGBTQIA+, as crianças, os idosos e todos aqueles em situação de vulnerabilidade.“
E concluiu: “Muito me honra receber o Prêmio EMERJ Mulheres do Ano – 2025, como mulher, como mãe, como avó. Mais do que acreditar no Judiciário, eu espero que ele seja forte!”
Demais participantes
O secretário-geral da EMERJ, Francisco Marcos Motta Budal, conduziu o cerimonial da solenidade. Também esteve presente na cerimônia a desembargadora Maria Aglaé Tedesco Vilardo.
Sobre Romy Medeiros
Romy Martins Medeiros da Fonseca nasceu no Rio de Janeiro em 30 de junho de 1921 e formou-se na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tendo se especializado, à época, em Direito de Família. Foi advogada e feminista brasileira, autora intelectual e coautora formal da revisão, em 1962, da situação da mulher casada no Código Civil Brasileiro de 1916. Militou em várias organizações em defesa dos direitos das mulheres. Líder Feminista, foi presidente do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil (CNMB), organização histórica fundada em 1947 pela sufragista Jerônima Mesquita.
História da Premiação
Romy Medeiros idealizou a premiação das Mulheres do Ano em 1966, quando presidia o Conselho Nacional de Mulheres do Brasil (CNMB).
Em 2021, a EMERJ celebrou o centenário de nascimento de Romy Medeiros instituindo, na ocasião, o Prêmio EMERJ Mulheres do Ano que se tornou parte do calendário anual de eventos oficiais da Escola.
Troféu Romy
O projeto do Troféu Romy foi concebido pelo arquiteto e artista plástico Fábio Sotero, que ofereceu gratuitamente sua obra para a EMERJ, doando oficialmente os direitos autorais à Escola por tempo indeterminado com o desejo de contribuir de alguma forma com a histórica e célebre luta das mulheres.
Homenageadas
Maria Angélica Guimarães Guerra Guedes, desembargadora 2ª vice-presidente do TJRJ
Nascida no Rio de Janeiro, em 24 de novembro de 1954, a desembargadora Maria Angélica Guimarães Guerra é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito Estácio de Sá e formada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ingressou na carreira pública como defensora pública do estado do Rio de Janeiro entre os anos de 1986 e 1988 e, no TJRJ, em junho de 1990. Até novembro de 2009, ocupou o cargo de juíza de Direito, tendo atuado em Itaguaí, Regional da Capital, Nova Iguaçu, Mangaratiba, Nilópolis, e como juíza auxiliar da Corregedoria – NUR Baixada, da Corregedoria – NUR Capital e do IV Tribunal de Júri da Comarca da Capital, quando foi promovida a desembargadora, ocupando a vaga da desembargadora aposentada Valéria Garcia da Silva Maron. Atualmente, é 2ª vice-presidente do TJRJ.
Em suas qualificações complementares, integrou a Comissão de Legislação e Normas, o Grupo de Trabalhos das Varas Criminais, a Comissão de Gestão Estratégica e Planejamento, e o Conselho da Magistratura, além de ter presidido a Comissão Judiciária de Articulação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Com uma carreira marcada por homenagens, foi agraciada com as comendas: Medalha Pedro Ernesto, Medalha Tiradentes, Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) e Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Recebeu, por seus méritos, os títulos de Cidadã Honorária da Comarca de Nilópolis, Cidadã Honorária da Comarca de Itaguaí e Cidadã Honorária da Comarca de Mangaratiba.
Myriam Medeiros da Fonseca Costa, desembargadora aposentada
Filha de Romy Medeiros, a desembargadora aposentada Myriam Medeiros da Fonseca Costa é formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ingressou na magistratura estadual em 1992, onde atuou na primeira instância no 7º Juizado Especial Cível de Bangu, na Zona Oeste do Rio, e, posteriormente, na 25ª Vara Cível da Capital e em auxílio à 3ª Vice-Presidência. Promovida a desembargadora em 2013, a magistrada ocupou a vaga deixada pelo desembargador Marcos Bento de Souza e compôs inicialmente a 25ª Câmara Cível e, posteriormente, a 4ª Câmara Cível.
A magistrada ainda participou de duas bancas examinadoras do Concurso da Magistratura de Carreira e compôs o Conselho da Magistratura tendo despedido-se do TJRJ em junho de 2022, após três décadas de dedicação à magistratura fluminense.
Em 2011, foi agraciada com a Medalha da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e, ao se aposentar, recebeu a Medalha de Honra da Magistratura Fluminense.
Adriana Alves dos Santos Cruz, juíza federal e secretária-geral do CNJ
Em sua trajetória, a juíza federal Adriana Cruz, atualmente secretária-geral do Conselho Nacional de Justiça, tem se destacado pela liderança na criação do Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial, iniciativa pioneira que visa combater o racismo estrutural no sistema judiciário brasileiro e promover decisões mais justas e inclusivas.
Adriana Cruz atua com dedicação para fortalecer a diversidade e a inclusão no Judiciário, defendendo políticas afirmativas que ampliem a representatividade de grupos historicamente sub-representados. Também é professora na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde criou a disciplina Direito e Relações Raciais, que contribui para a formação crítica e ética dos futuros operadores do Direito.
Sua experiência, marcada pela sensibilidade, compromisso e inovação, tem sido fundamental para a transformação do Judiciário brasileiro em uma instituição mais acessível, eficiente e comprometida com a justiça social.
Tia Ju (Jucelia Oliveira Freitas), deputada estadual
Jucelia Oliveira Freitas, a Tia Ju, é pedagoga e pós-graduada em Direito da Infância e da Juventude pela Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (FEMPERJ), tendo sido eleita, em 2022, para o seu terceiro mandato de deputada estadual pelo Partido Republicanos. Na atual legislatura, integra a Mesa Diretora da Alerj como 2ª vice-presidente, cargo que sucede suas funções de 3ª vice-presidente, em 2019, e de 2ª secretária, em 2022.
Tia Ju já acumulava 65 leis de sua autoria aprovadas pela Alerj até janeiro de 2023. Sua atuação parlamentar prioriza a defesa dos direitos de crianças e adolescentes, mulheres, negros, pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) e com deficiência. É presidente-fundadora da Frente Parlamentar em Defesa da Família, da Adoção e da Primeira Infância, cofundadora do Fórum Permanente de Diálogo com as Mulheres Negras e integrante do Comitê pela Prevenção de Homicídios de Adolescentes no Rio de Janeiro, em parceria com o UNICEF. Na União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (UNALE), foi eleita vice-presidente da região Sudeste na gestão de 2023.
Cissa Guimarães, atriz e apresentadora
Cissa Guimarães estreou no teatro em 1977, com a peça Dor de Amor, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, participou de outras produções teatrais, como Caixa de Cimento e Pelo Amor de Deus, Não Fala Assim Comigo!, consolidando sua presença nos palcos.
Na televisão, estreou na Rede Globo em 1980, no seriado Malu Mulher, e, logo depois, integrou o elenco da novela Coração Alado. Sua popularidade cresceu quando passou a apresentar o programa Vídeo Show, entre 1986 e 2001, com retornos esporádicos em 2008 e 2015. No comando da atração, ao lado de Miguel Falabella, ficou marcada pela narração ágil e descontraída e pelo bordão “a garota que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia!”, conquistando o público com carisma e espontaneidade.
Como atriz, participou de diversas novelas e séries da emissora, como O Clone, América, Caminho das Índias, Salve Jorge, além das séries Toma Lá, Dá Cá e Casos e Acasos. Em 2015, foi uma das apresentadoras que substituíram Ana Maria Braga no Mais Você e, no mesmo ano, passou a integrar o time de apresentadores do programa matinal É de Casa, onde permaneceu até 2021.
Atualmente, apresenta o programa Sem Censura, na TV Brasil, exibido de segunda a sexta-feira, das 16h às 18h. No ar há 40 anos, o programa é um clássico da televisão brasileira e retornou à grade da emissora com Cissa Guimarães como apresentadora.
Assista
Para assistir na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=zoyFiOYUnjc&t=2412s
Fotos
Acesse o álbum completo da premiação: https://flic.kr/s/aHBqjCnkTz
Fotos: Maicon Souza
21 de julho de 2025
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)