Nesta quinta-feira (9), Fórum Permanente de História do Direito da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), e o Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (CCPJ-RJ) realizaram o programa LiterarIUS, que nesta edição teve como tema Catulo e Ovídio: Poéticas do Mito na Poesia Latina.

O encontro aconteceu presencialmente no auditório da Mútua dos Magistrados, na Rua Dom Manuel, nº 29, Centro – RJ.

Palestrantes

A professora de Língua e Literatura Latina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora e mestra em Letras Clássicas pela UFRJ, Katia Teonia, destacou: “Agradeço a gentileza do convite feito a mim e cumprimento os organizadores pela iniciativa que ampliam os espaços de diálogo e de divulgação dos estudos clássicos no Brasil. Eu me dediquei ao estudo do luto no contexto da poesia de Catulo. Os recortes que eu trouxe têm o objetivo de nos ajudar a compreender como o poeta se apropria dessa poética mítica. Um traço distintivo da poesia neotérica, à qual Catulo se filia, é justamente a adoção de narrativas mitológicas de matriz alexandrina. Nesse sentido, a presença de exemplos mitológicos configura, segundo Vené, altas e dotadas fantasias, aptas a instaurar uma temporalidade onírica, situada antes de nossa história e desprovida de densidade realista. Em termos retórico-poéticos, essa apropriação se ancora no recurso da fantasia, compreendido, conforme Quintiliano, como a enárgeia, isto é, a capacidade de criar imagens mentais vívidas, que permitem ao leitor visualizar o que é descrito. Ao observarmos o luto em Catulo, percebemos que o mito não é apenas um ornamento literário, mas um meio de elaborar a dor, de transformar a experiência pessoal em expressão estética e simbólica. Dessa forma, a poesia catuliana nos revela como o imaginário mítico pode ser um espaço de sublimação e permanência dos afetos humanos.”

O professor adjunto de Língua Latina da UFRJ e doutor em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (USP), Pedro Schmidt, ressaltou: “Gostaria de parabenizar, como disse a professora Kátia, pela organização deste evento. Essas pontes que precisam ser criadas, entre as diversas áreas e perspectivas dos estudos clássicos, encontram, em encontros como este, o seu espaço mais fértil. É nesses momentos que podemos trocar ideias, comparações e interpretações. Tenho agora a responsabilidade de falar depois da Kátia, o que é sempre um desafio. Mas, aproveitando que ela falou sobre Catulo, eu também trarei Catulo em diálogo com Ovídio. O que pretendo apresentar é justamente como Ovídio retoma elementos míticos já presentes em Catulo e os reelabora poeticamente em sua própria obra. Meu foco será o poema 64 de Catulo, a partir do qual escolhi três momentos, três passagens que são reescritas ou reinterpretadas por Ovídio em diferentes textos. Evidentemente, seria possível explorar muitos outros aspectos, como a própria Kátia mencionou, mas optei por esse recorte para observar com mais profundidade como o mito atravessa essas duas poéticas, revelando tanto continuidade quanto transformação.”

Debatedora

A professora de Língua e Literatura Grega da UFRJ e doutora em Letras Clássicas pela USP, Beatriz de Paoli, compôs a mesa como debatedora.

Mediador

O presidente do Fórum Permanente de História do Direito da EMERJ, doutor em História pela UFRJ e em Direito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), desembargador Carlos Gustavo Direito, pontuou: “A professora Katia Teonia faz um trabalho muito bonito, que se chama Mitologando, e a nossa ideia é trazê-lo aqui para o Centro Cultural também, porque é um trabalho que tem o objetivo de levar a literatura clássica para crianças que, eventualmente, não têm acesso e que, de uma forma lúdica, vão poder conhecer um pouco dos mitos e reproduzir essas ideias e pensamentos que tratam, basicamente, da natureza do homem, e a natureza do homem é a mesma há dois mil anos, e é por isso que Platão ainda conversa conosco, assim como Cícero, Sêneca e Ovídio.”

Fotos: Jenifer Santos 

9 de outubro de 2025 

Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)