Nesta segunda-feira (24), o Fórum Permanente de Estudos Clássicos, Direitos e História, da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), realizou a reunião Comédia, Sociedade e Direito no Mundo Antigo.
O encontro aconteceu no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura, com transmissão pela plataforma Zoom e tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Abertura
A abertura do evento foi realizada pelo presidente do fórum, doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Direito pela Universidade Veiga de Almeida, desembargador Carlos Gustavo Direito que destacou:“O nosso objetivo é fazer uma conversa multidisciplinar entre o Direito, os estudos clássicos e a história antiga, de maneira que a gente possa manter, até pelo nome do fórum, o diálogo permanente do crescimento, uma discussão do mais alto nível. Me parece que a vida do jurista é muito parecida com a vida do tradutor, porque de alguma forma o jurista é um intérprete daquilo que está escrito, é aquele que recepciona o texto do legislador. Assim como o tradutor, que tem que retirar dali determinados significados, o jurista também vai ter que tirar determinados significados daquele texto e, muitas vezes, de textos antigos — não tão antigos quanto o estudioso do estudo clássico — mas que têm uma temporalidade, e trazer para o tempo presente.”
Painelistas
A professora titular de Estudos Clássicos/Letras Clássicas do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Isabella Tardin Cardoso, ressaltou:
“Além de matéria-prima da comédia plautina, parece importante considerar o Direito junto com a comédia e a literatura da época, na seguinte perspectiva: ambos são fenômenos culturais que respondem, desde a Antiguidade e cada qual a seu modo, à mesma situação histórica.”
O professor associado de Língua e Literatura Grega do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, Beethoven Alvarez, expôs:
“Os textos dramáticos da comédia romana de Plauto, que chegaram até nós, evidenciam uma significativa edificação de figuras de retórica”.
A professora adjunta de Língua e Literatura Latina da UFRJ e doutora em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (USP), Fernanda Messeder Moura, destacou: “Não custa dizer, só para que a gente se lembre do contexto de ambientação e realização dessas peças, que, diferentemente de um programa que nós fazemos hoje em dia quando dizemos que vamos ao teatro, essas peças se apresentavam como atrações em festivais religiosos, realizados ao longo do ano na cidade. Então, com muita frequência, os autores disputavam, com outras atrações, a atenção dos espectadores. Essas peças trazem personagens que são mais ou menos típicas.”
Por fim, o professor adjunto de Língua e Literatura Latina do Instituto de Letras da UFF e doutor em Letras Clássicas pela USP, Marcello Peres Zanfra, abordou Terêncio e concluiu:
“Quando nós lemos ou assistimos Os Adelfos, nós vemos um paradoxo: apesar da proximidade com o Direito, os tribunais romanos nunca aparecem de fato; são mais ameaças para interromper um debate ou intimidar. Aqui, perante o risco de enfrentar a justiça romana oficial, é melhor enfrentar qualquer acordo minimamente razoável.”
Fotos: Jenifer Santos
24 de novembro de 2025
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)