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“Prêmio EMERJ Consciência Negra - 2024" irá condecorar duas personalidades com Troféu Esperança Garcia

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A Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) realizará no dia 11 de dezembro, às 17h, por meio do Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais, a cerimônia "Prêmio EMERJ Consciência Negra" edição 2024, com a entrega do Troféu Esperança Garcia aos dois premiados com a comenda deste ano.

A solenidade, que homenageia personalidades da sociedade civil reconhecidas em suas trajetórias de vida por ações efetivas na defesa dos direitos raciais no Brasil, ocorrerá na Sala Multiuso do Museu da Justiça Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Haverá transmissão via plataforma Zoom com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Confira a lista de premiados

Receberão o Troféu Esperança Garcia: a atriz e cantora brasileira Zezé Motta e o médico João Paulo Conceição.

Presidência da Premiação

O presidente da premiação será o juiz André Nicolitt, presidente do Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais e doutor pela Universidade Católica Portuguesa.

Sobre Esperança Garcia

Esperança Garcia foi escravizada no século XVIII em Oeiras, município a 300 km de Teresina, capital do Piauí. Ela nasceu na Fazenda Algodões, que pertencia a padres jesuítas, e lá, aprendeu a ler e escrever. Porém, com a expulsão posterior dos catequistas, a propriedade acabou por ser transferida a senhores de escravos. Esperança Garcia foi então separada dos filhos e do marido, e enviada a outras terras.

Revoltada com a situação que era cotidianamente exposta, com apenas 19 anos, em 1770, Esperança Garcia escreveu uma carta em que relatava os maus-tratos sofridos pelos escravizados em uma fazenda da região e reivindicava direitos ao governador. O documento foi encontrado somente em 1979, pelo historiador Luiz Mott, no Arquivo Público do Piauí. Em 2017, 247 anos após ser redigida, a carta foi reconhecida como uma petição.

Esperança Garcia foi reconhecida pela Ordem dos Advogados do Brasil do Piauí (OAB/PI) como a primeira advogada piauiense. Uma pesquisa realizada pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB/PI frutificou no Dossiê Esperança Garcia: símbolo de resistência na luta pelo Direito, que aponta, entre diversas conclusões, que ao escrever a carta, Esperança se reconheceu e atuou como membra de uma comunidade política. Sua reivindicação era um pedido ao que lhe era de direito segundo ordenamento jurídico da época, mas também demonstrou uma ampla consciência do seu mundo e dos limites da escravidão, utilizando as ações religiosas (batismo e confissão) como argumentos estratégicos para sensibilização.

A vida de Esperança Garcia, marcada pelo inconformismo, pela luta e pela coragem de resistir contra a desumanidade da sua época, é um símbolo da constante batalha contra o racismo e pela igualdade de raça, gênero e classe social no Brasil.

Homenageados

Zezé Motta

Nascida em Campos de Goytacazes, no Rio de Janeiro, em 27 de junho de 1944, Maria José Motta de Oliveira, mais conhecida como Zezé Motta, é atriz e cantora reconhecida mundialmente pelo seu extenso trabalho no cinema e na televisão.

Nas redes socias, a artista se define como “Atriz, Cantora e Militante”. A intelectual brasileira Lélia González, em “Homenagem a Zezé Motta - História de vida e louvor”, expressou que a arte de Zezé Motta “também está a serviço das crianças pobres e órfãs, numa atuação marcada pela discrição e pela solidariedade". Militante do Movimento Negro Unificado (MNU), Zezé denunciou o racismo e atuou ativamente para combatê-lo. Em 2002, fundou o Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), espaço de pesquisa sobre artistas negros.

Na televisão, a atriz estreou em 1968, na extinta Rede Tupi, na Novela Beto Rockfeller. Em 1976, a atriz protagonizou o clássico do cinema nacional filme “Xica da Silva”, sucesso de crítica e público devido à arrebatadora atuação de Zezé. O filme foi indicado, pelo Brasil, para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Em 1978, Zezé Motta gravou seu primeiro álbum, imortalizando a música “Prazer, Zezé”, composta para ela por Rita Lee.  O crítico musical Mauro Ferreira a descreveu como uma “arrojada cantora que movimentou a cena musical dos anos 70 sem se deixar enquadrar (de início) no rótulo de sambista”. Como musicista, a artista levou sua poderosa voz a palcos de todo mundo, incluindo o renomado Carnegie Hall, em Nova York.

Recentemente, a atriz foi a grande homenageada da 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, recebendo o prêmio Candango pelo conjunto de sua obra, na noite de abertura do festival.

Este ano, Zezé Motta atuou no filme “Por um fio”, baseado no livro de Drauzio Varella, no curta “Se eu tô aqui é por mistério”, de Clari Ribeiro, e na cinebiografia “Maurício de Sousa – O realizador de sonhos”, de Pedro Vasconcellos. A artista ainda se prepara para estrear um novo espetáculo musical, em comemoração aos seus 80 anos.

João Paulo Conceição

Formado pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, em 1967, o médico João Paulo Conceição dedica sua vida ao exercício da clínica geral e dermatologia especializada em peles negras.

Aos 70 anos de idade, João Paulo Conceição prestou prova para medicina legal e perícia médica e logrou êxito. Hoje, aos 82 anos, o profissional atua como médico perito da Justiça, onde foi nomeado por dezenas de juízes, e também como assistente técnico pericial em ações sobre erro médico.

Inscrição

Poderão ser concedidas horas de atividade de capacitação pela Escola de Administração Judiciária aos serventuários que participarem do evento. Serão concedidas horas de estágio pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) para estudantes de Direito participantes do evento.

Para se inscrever, acesse: https://emerj.tjrj.jus.br/evento/8588

 

26 de novembro de 2024

Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)