“É um tema inovador, algo que não temos tantos debates e uma produção bibliográfica a respeito. Para mim, foi muito interessante aprender com a Raisa e sua tese de doutorado”, pontuou a presidente do Fórum Permanente de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero e coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero, Raça e Etnia (NUPEGRE), juíza Adriana Ramos de Mello, doutora em Direito Público e Filosofia Juridicopolítica pela Universitat Autònoma de Barcelona, na abertura do evento dessa quinta-feira (27).
“Feminismos e pornografia” foi tema do webinar promovido pela Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), com palestra da professora e advogada Raisa Duarte da Silva Ribeiro, doutora em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela falou sobre a sua tese de doutorado "Feminismo e pornografia: embates, contribuições e propostas de políticas públicas para os direitos humanos das mulheres”
Pornografia
“Esse debate no Brasil é muito incipiente. Os movimentos sociais não estão enfrentando a questão, poucas são as organizações sociais que fazem uma crítica cultural à pornografia. Além disso, as principais obras sobre o tema não foram traduzidas para o português, os principais autores são do exterior”, pontuou a professora Raisa Ribeiro.
Em sua tese, a docente explica que dentro do feminismo há diferentes vertentes e discursos quando se debate a pornografia. Ela comentou sobre essas diferenças.
“Pornografia é um tema que, embora não seja enfrentado, é muito importante para o feminismo. Ele incita uma reflexão sobre a própria teoria feminista e também tem uma importância política, pois trata de um assunto que afeta os direitos humanos das mulheres e nossas vidas. Quando falamos em pornografia, há vários discursos decorrentes, como os liberais, que falam de liberdade sexual e de expressão; os conservadores, que são morais e religiosos, ligados à família e religião; e os feministas, que são pautados na vivência de gênero, que passam por caminhos diferentes por compreenderem que a exibição do corpo da mulher é problemática em determinados contextos”, disse.
A juíza Adriana Ramos de Mello reafirmou a importância de dar voz às mulheres: “Temos que ouvir quem participa das gravações dos filmes e vídeos adultos, saber qual é a história de vida da pessoa, pois é muito fácil alguém de fora dizer que todas as mulheres são pobres, vulneráveis e que por isso se submetem àquela indústria mesmo sem querer estar ali. Mas, será que todas as histórias são assim? Elas foram ouvidas? É preciso que as mulheres, todas elas, tenham voz quando falamos desse tema”.
A pesquisadora do NUPEGRE, Lívia de Meira Lima Paiva, doutora em Direito pela UFRJ, observou: “A indústria pornográfica é algo que precisa ser analisado. Se você olhar os dez termos mais procurados encontrará coisas absurdas. As pessoas buscam por chaves que acessam corpos de mulheres jovens, as mais novas. Quantos desses filmes são produzidos por homens? Os filmes lésbicos também estão entre os mais procurados, mas quantas diretoras lésbicas estão produzindo esses materiais? Imagino que quase nenhuma”.
Também participaram do evento os professores Ana Lucia Sabadell, doutora em Direito pela Universitat Des Saarlandes, e Dimitri Dimoulis, doutor em Direito pela Universidade Saarland; e a pesquisadora Marilha Boldt.
Transmissão
Para assistir à transmissão do evento, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=YBgLZ-HJAyA
28 de outubro de 2022
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)