A Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), sediou, nos dias 23 e 24 de agosto, a “XVI Jornada Interdisciplinar para o Ensino do Holocausto: combatendo discursos de ódio”, promovida pelo B'nai B'rith Rio de Janeiro.
A jornada foi realizada presencialmente no Auditório Desembargador Joaquim Antônio Vizeu Penalva Santos.
Abertura
O diretor-geral da EMERJ, desembargador Marco Aurélio Bezerra de Melo, doutor em Direito pela Universidade Estácio de Sá (Unesa), destacou em sua fala de abertura do encontro: “Lembrar o Holocausto e não permitir que em nenhum momento a humanidade esqueça essas atrocidades, é um compromisso nosso enquanto humanos. Porque essa lembrança faz com que nós impossibilitemos que esses movimentos surjam”.
A desembargadora Denise Levy Tredler, reforçou: “A educação é fundamental, porque o ser humano tem tendência a esquecer os fatos e tragédias, e repeti-los. E repito e friso: o Holocausto começou com discurso de ódio, com preconceito e com muita omissão mundial”.
O presidente da B’nai B’rith, Henry Rosenberg, pontuou: “Muito se debate hoje sobre quais são as principais características do povo judeu, e apesar de sermos pouco numerosos, nós somos um povo diverso. Mas há um ponto que temos em comum, nós lembramos sempre e é o que estamos fazendo hoje. Lembramos das coisas boas que nos aconteceram e, especialmente, das nossas tragédias. Não importa que tenham acontecido há anos, décadas ou séculos, nós lembramos sempre. Nós fazemos isso não para sofrer eternamente, nem muito menos para inspirar sentimento de piedade e pena. Nós judeus, lembramos das coisas ruins que nos aconteceram ao longo dos séculos porque temos a certeza de que esta é a única forma de garantir que tais acontecimentos jamais se repitam”.
“Na Secretaria Municipal de Educação (SME), nós trabalhamos a cada dia para que os alunos tenham suas narrativas e suas identidades respeitadas. Então, nós não podemos ficar de fora de nenhuma jornada que prevê manter viva uma narrativa tão importante para a história da humanidade. Aprender com os erros parece algo óbvio, mas o óbvio precisa ser dito o tempo todo”, evidenciou a representante da SME, professora Gina Paula Capitão-Mor.
A diretora do Memorial às Vítimas do Holocausto do Rio de Janeiro, psicóloga e professora Sofia Débora Levy, prosseguiu: “Nunca é demais para agradecer a todos aqui presentes para falarmos sobre esse tema e gostaria de encerrar essa mesa de abertura com uma frase e para dar início a jornada, gostaria que todos nós repetíssemos juntos: 'Holocausto nunca mais’”.
Sobreviventes do Holocausto
Durante a XVI Jornada Interdisciplinar para o Ensino do Holocausto, dois sobreviventes do Holocausto palestraram para o público presente.
O sobrevivente Jorge Tredler, destacou: “Minha história é de otimismo, esperança e força de vontade. Uma história que constitui um milagre de sobrevivência, e que as gerações futuras não podem esquecer”.
E finalizou: “A liberdade é um bem dos mais preciosos que se pode ter. Poder dizer o que se pensa, sem medo de represálias, caminhar nas ruas sem ter de baixar os olhos e descer da calçada para dar passagem a seres que se acham superiores, e poder usar o seu direito de ir e vir”.
A sobrevivente Rolande Fichberg, pontuou: “Gostaria de agradecer o convite de estar aqui representando os sobreviventes do Holocausto, que hoje infelizmente somos poucos, mas a história não pode ser esquecida. Então, estamos aqui para sempre renovar a lembrança de que o Holocausto existiu e nós não podemos seguir para frente, se não olharmos para o passado”.
Palestras
A desembargadora Denise Levy Tredler, reforçou: “Temos até hoje na Europa e nos Estados Unidos, em pleno século 21, atentados neonazistas contra sinagogas, escolas, lojas e cemitérios, assim como nós tivemos também aqui no sul do Brasil”.
O cineasta Alex Levy-Heller, evidenciou: “A ideia na Europa durante e após a guerra, era que todo vestígio de comunidade judaica desaparecesse. Então, nos cemitérios, as lápides eram roubadas e usadas para construir casas e calçadas. Qualquer vestígio da comunidade judaica acabava, e as sinagogas viravam igrejas ou bibliotecas”.
A autora do livro “O Alfaiate Polonês”, Débora Finkielsztejn, relatou: “Eu tinha muita preocupação de botar sentimento no livro, eu queria muito que as pessoas sentissem o que as famílias sentiram com a perda, o que as famílias sentiram por não estar com seus familiares e não saberem o que estava acontecendo, porque quem veio para o Brasil não sabia o que estava acontecendo lá, ficou sabendo depois, e aí a família ficava na expectativa e, de repente, a pessoa aparece em casa porque sobreviveu ou não aparece e a família fica esperando pelo resto da vida. Então, eu queria colocar esse sentimento”.
A também autora, Danielle Goldrajch, destacou: “Precisamos olhar para o nosso contexto e refletir sobre o que torna uma sociedade vulnerável a manipulação de líderes autoritários, o que torna uma sociedade vulnerável a concordância com políticas discriminatórias, cruéis e excludentes”.
Demais participantes
Também estiveram presentes na XVI Jornada Interdisciplinar para o Ensino do Holocausto: os professores, Alexandra Nanan Carré, Cristiane Brandão, Roberto Antunes e Nilton Thaumaturgo Rocha Júnior, perito do Instituto Carlos Éboli.
Fotos: Maicon Souza e Jenifer Santos
24 de agosto de 2023
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)