Nessa terça-feira (26), o Fórum Permanente de Justiça Multiportas, Mediação e Justiça Restaurativa da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) promoveu sua 80ª reunião, com palestras sobre “Comunicação, linguagem e mediação”.
O evento, realizado em parceria com o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PIPGLA/UFRJ), aconteceu presencialmente no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura. Houve transmissão via plataforma Zoom, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Abertura
A juíza Lísia Carla Rodrigues, coordenadora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania de Jacarepaguá (CEJUSC/Jacarepaguá) e membra do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (NUPEMEC/TJRJ), realizou a abertura do encontro.
Palestras
A professora da UFRJ e integrante do PIPGLA/UFRJ Branca Falabella Fabrício, destacou: “Textos importam? Mas textos em uma perspectiva bakhtiniana, em que textos são conjuntos de signos, não só os signos linguísticos. Palavras, gestos, imagens, sons, cores, sistemas de signos em geral. A resposta dessa pergunta é sim. Textos fazem parte da nossa vida cotidiana, vivemos entre textos. Eles fazem parte do contexto público em geral. Temos contatos com eles em todos os locais que frequentamos, além dos contatos com textos orais. No contexto jurídico, temos a Constituição, as leis, que também são textos. Nossa vida é textual e os textos não são estáticos”.
“A circulação textual é constitutiva da vida social, construindo relações entre as pessoas, identidades, sentidos e conhecimentos, valor de capital simbólico ou econômico, e também constitui contextos. Nada disso é dado ou pré-configurado. Nossa atividade textual é incessante e, por isso, temos que prestar atenção a que textos produzimos, com que textos conversamos e como eles agem no mundo social. Somos treinados para isso desde que nascemos”, prosseguiu a professora Branca Falabella.
A integrante do PIPGLA/UFRJ concluiu: “A ideia de textos como ação nos impede de invocar verdades universais, não poderemos lidar com verdades como se fosse um tribunal de crenças e ideologias. Como sair desse impasse para arbitrar ou julgar? Para isso, seria preciso pensar em uma série de questões éticas, como: quem as produz? Para quem, como e onde? Quais as circunstâncias e ideologias? Qual o processo de tessitura? Precisamos desenvolver uma relação mais crítica com a nossa servidão textual. Assim, poderemos entender o nexo entre linguagem e sociedade”.
A juíza Lísia Carla Rodrigues afirmou: “Sem dúvida alguma a comunicação e a mediação andam sempre juntas, porque através da nossa linguagem verbal, dentre outras formas de comunicação, expressamos nossas ideias, pensamentos e nossa maneira de ser. O campo é muito amplo e aí começam os problemas. Cada ser humano é um universo de experiências diferentes e a forma que verbalizamos muda, o que gera ruídos na comunicação entre as pessoas, já que a forma verbalizada e a interpretação não são necessariamente coincidentes. Esses ruídos, sem esclarecimento, afetam diretamente a atividade do mediador, que precisa contorná-los para tentar o melhor relacionamento entre os mediandos”.
Demais participantes
A advogada Juliana Lopes Ferreira, mediadora do CEJUSC/Leopoldina, colaboradora do Núcleo de Mediação e Conciliação da UFRJ (NUMEC/UFRJ) e doutora em Interdisciplinaridade Linguística Aplicada pela UFRJ, e Paulo Cortes Gago, professor da UFRJ e integrante do PIPGLA/UFRJ, também compuseram a mesa da reunião.
Assista
Para assistir na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=VX5OlLIoufs
Fotos: Maicon Souza
26 de setembro de 2023
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)