O Fórum Permanente de Gestão Pública Sustentável da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) realizou nesta segunda-feira (16) sua 16ª reunião, com o webinar “Governança sustentável no mundo dos negócios – A experiência brasileira no sistema anglo-saxão”. Houve transmissão via plataforma Zoom, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Abertura
O presidente do Fórum, desembargador aposentado Jessé Torres Pereira Junior, especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), declarou na abertura do encontro: “Esse é um tema extraordinariamente atual. Está acontecendo agora e seguirá, em ampla evolução”.
Sustentabilidade, ESG, desafios e objetivos
A administradora de empresas Patricia Macieira Kane, especialista em Economia Circular, Liderança Corporativa e Sustentabilidade pela Universidade de Cambridge, MBA em Gestão e Marketing e fundadora e CEO do grupo Reuzi (Dublin/Irlanda), afirmou: “Sustentabilidade é um tema obviamente muito importante. Em resumo, eu diria que três pontos resumem o problema: somos muitas pessoas no mundo; a maioria de nós, 85% da população mundial, já foi, ou está sendo, afetada por mudanças climáticas induzidas pelo ser humano; e a tentativa, que já sabemos que não vai acontecer, de limitar o aumento da temperatura global em 1.5º C até 2030. Temos todos o dever de entregar algo melhor ao nosso planeta”.
“Mas por que essa atenção à sustentabilidade? Além de ser a coisa certa a ser feita, são vários os motivos: consumidores já demandam essas mudanças das empresas; funcionários hoje querem trabalhar para empresas que tenham propósito e essa preocupação ajuda a atrair e reter talentos; existe também a questão da descoberta das eficiências de custo, além de melhorar a reputação da organização, mesmo quando são empresas que não produzem algo mais sustentável; e a inovação”, prosseguiu a administradora de empresas.
Patricia Macieira Kane destacou em sequência: “Para isso é preciso organização, começando com o ‘ESG’, um método utilizado para avaliar o desempenho das empresas. O primeiro fator é o ‘E’ de ‘environment’, que é tudo que impacta o meio ambiente, o mundo natural, como energia, reciclagem e emissão de carbono. Temos os fatores sociais, o ‘S’ de ‘social’, e nesse ponto estamos falando do impacto da empresa na sociedade, nos funcionários, na cadeia de suprimento, seus fornecedores, seus clientes, pensar em como a empresa pode criar um impacto positivo nos seres humanos envolvidos nesse processo. Por último, temos o ‘G’, a questão da governança, que é a composição da sua gerência, a remuneração, os dados de clientes protegidos, tudo que esteja por trás dos panos para garantir que a empresa esteja cumprindo com o que deve. Especificamente falando sobre o cenário da Irlanda, o interessante para mim é que menos de 20% dos empregadores irlandeses entendem de ESG. Isso não é somente uma oportunidade incrível de se fazer melhor e se criar um mundo melhor, mas também é uma oportunidade de negócio incrível. Na União Europeia (UE) temos cinco regulamentações diferentes: o Grupo de Trabalho sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima; a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa; a Taxonomia da UE; a Iniciativa de Relatórios Globais; e o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis. A última para mim é a mais importante, porque todos os Estados membros da UE têm até o ano que vem para implementar essa diretiva, que estabelece requisitos bem rigorosos. A ideia é a elaboração de relatórios de sustentabilidade por parte das empresas”.
A administradora de empresas concluiu: “Os objetivos de desenvolvimento sustentáveis são universais, para todos os países do mundo, estão conectados e são tridimensionais, voltando à questão da ESG. Ao todo, são 17 objetivos que variam desde questões relativas ao meio ambiente até áreas que geralmente as pessoas não relacionam com a sustentabilidade, como vida saudável, igualdade de gênero e redução de desigualdades. Os objetivos foram traçados com a ótica do desafio global, com inclusão, focando nas populações marginalizadas e vulneráveis e a busca de um equilíbrio mais justo, com visão de longo prazo, lembrando que foram estabelecidos em 2015, e com a colaboração, que é muito importante em tudo que diz respeito à sustentabilidade. As preocupações da sustentabilidade vão além do meio ambiente, estamos falando de desafios sociais e corporativos. Não é uma moda, é algo que veio para ficar, uma forma de gerência em que empresas seguirão para o sucesso ou enfrentarão problemas. A transparência é essencial, a comunicação é muito importante”.
A advogada Roberta Oliveira Lima, membra da Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil (APRODAB) e doutora em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), encerrou: “Esse diálogo é interdisciplinar. Não existe possibilidade de trabalharmos com o Direito Ambiental se não dialogarmos com outras áreas, se não passarmos a ouvir. Não é apenas o que a lei fala, é como se pensa, como se implementa, como acontece em outros lugares, se é possível trazer para o Brasil. Como operadores do Direito, como vamos fazer esse processo? O planeta é apenas um”.
Assista
Para assistir na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=9jouE0xBqTA
Fotos: Maicon Souza
16 de outubro de 2023
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)