Nesta terça-feira (8), o Fórum Permanente de Saúde Pública e Acesso à Justiça da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) promoveu o evento Reflexões sobre Espiritualidade, Práticas Integrativas e Saúde.
O evento aconteceu presencialmente no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura. Houve transmissão via plataforma Zoom, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O evento também integra a Semana Nacional da Saúde no Poder Judiciário, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Resolução nº 576/2024. A programação ocorre entre os dias 7 e 11 de abril e conta com atividades organizadas pela Secretaria-Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social (SGSUS), pelo Departamento de Saúde (DESAU), vinculado à Secretaria-Geral de Gestão de Pessoas (SGPES), pela Escola de Administração Judiciária do TJRJ (ESAJ) e EMERJ.
A iniciativa nacional, promovida pelo Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), visa fortalecer a integração entre os Poderes e ampliar o debate sobre o cuidado integral.
Abertura
A membra do fórum e do Comitê do Fórum Nacional de Saúde do Conselho Nacional de Justiça do Rio de Janeiro (CNJ/RJ) e doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino (UMSA), juíza Maria Cristina Gutierrez Slaibi, destacou ao iniciar o encontro: “O evento de hoje traz um tema que realmente desperta, inspira, mexe e sacode todos nós e precisa ser debatido. E nisso, estou mais uma vez honrando a EMERJ, pela determinação de estar sempre aberta aos temas mais novos, instigantes e tantas vezes difíceis, que geram muitos conflitos em todos os sentidos.
Participantes
A médica, perita judicial e especialista em Neuropsiquiatria Geriátrica pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Gilse Prates, abordou em sua fala a terapia alternativa Reike e salientou: “O Reike é uma terapia alternativa e complementar, então ela não é uma terapia que substitui, ele é uma terapia que vem a ser uma complementação daquilo que a gente já conhece da medicina tradicional, vem da medicina japonesa e tende a equilibrar a mente, o corpo e as emoções. É uma técnica simples, de custo muito barato, só requer que a pessoa faça imposição das mãos para transmitir a energia do universo.”
E complementou: “O Reiki é uma terapia complementar, ele nunca vai ser substitutivo de uma terapia tradicional, ele vai estar junto a par e passo com a terapia convencional e na verdade ele vai minimizar muitas vezes o uso da medicina convencional, ou seja, medicação para dor, para depressão, para ansiedade, tratamentos de cuidados paliativos.”
O professor de yoga e meditação pelo Instituto de Yoga Kaivalyadhama – Índia, Reiki Master e professor convidado da Faculdade de Medicina da UFRJ, Carlos Henrique Viard Júnior, reforçou: “Boa parte das emoções que nos perturbam como ansiedade, medo e depressão, se relacionam com o futuro, em compensação a culpa, o ressentimento e a mágoa, se relacionam com o passado. A respiração consciente pode ajudar a amenizar bem o sentir essas emoções quando elas surgem e vão nos dominando, na medida em que eu me desligo do passado não deixo a minha mente me levar para o futuro e mantenho a atenção no aqui e no agora. É claro que esses pensamentos que se caracterizam como memórias e imaginação podem estar enraizados em processos mais complexos, então buscar um psicólogo e um médico é fundamental e deve ser feito. Mas uma das coisas que me chama muita atenção na sociedade ultimamente é a falta de autoconhecimento e coincidentemente a falta de possibilidade de autocuidado, se eu não me conheço bem eu não posso me cuidar bem, essa deveria ser uma máxima e nós não atentamos para isso.”
E finalizou: “Como foi bem colocado aqui, na definição da OMS (Organização Mundial da Saúde), saúde não é só ausência de doenças, inclui também um bem-estar físico, emocional e social.”
A cardiologista pelo Instituto Nacional de Cardiologia, especialista em Cuidados Paliativos pelo Instituto Albert Einstein (IIEP/FICSAE) e mestra em Cardiologia Comportamental pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Vaisnava Cavalcante, proferiu: “Lidando com pacientes tão graves, à espera de um transplante cardíaco, eu entendi que eu precisava ir atrás dos cuidados paliativos e um dos temas centrais dos cuidados paliativos é a espiritualidade. Nos cuidados paliativos a gente estuda a dor total, um conceito trazido pela Cicely Saunders, que fala que a dor não é só física, ela é emocional, social e espiritual também. Para a gente abordar os sintomas dos pacientes como um todo, a gente precisa lidar também com o espiritual.”
A professora da Pós-Graduação de Bioética e de Teologia da Pontifícia Universidade de Católica do Paraná (PUCPR), ganhadora do Prêmio CAPES/ELSEVIER – Mulheres na Ciência (2024) e doutora em Psicologia da Religião pela Indiana University South Bend (IUSB), Mary Rute Gomes Esperandio, relatou: “A espiritualidade e a religiosidade não são necessariamente termos sinônimos, eles são conceitos relacionados, mas são distintos.“
E complementou: “A espiritualidade é mais ampla do que a religiosidade e a religião. Na dimensão espiritual, é onde estão as nossas perguntas pelo sentido e propósito. Essa dimensão abarca tanto o que nasce no social, como instituições religiosas, quanto os modos de ser que a gente poderia explicar como religiosos. Para diferenciar bem, poderíamos dizer que a espiritualidade é a dimensão das perguntas e a religiosidade a dimensão das respostas de sentido. As respostas a essas perguntas podem se modificar dependendo da experiência que a gente vai vivendo.”
A enfermeira, professora associada III do Departamento Materno-Infantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da UFF e doutora em Enfermagem pela UFRJ, Elaine Antunes Cortez, concluiu: “Em um mundo complexo, o Direito busca ordem e justiça, mas limitar a análise jurídica à frieza da lei, ignora a dimensão espiritual humana, a busca por significado, proposito e conexão. Essa dimensão influencia decisões, decisões das pessoas, relações e compreensão do mundo. Ignorá-la é negligenciar situações e necessidades dos sujeitos de direito.”
Encerramento
A advogada, enfermeira e especialista em Direitos Humanos e Saúde, na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Aldilene Abreu de Azevedo foi a responsável pelo encerramento do evento.
Assista
Para assistir na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=NbQ1CMG8fOQ&t=9677s
Fotos: Jenifer Santos
8 de abril de 2025
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)