Nesta quinta-feira (27), o Fórum Permanente de História do Direito da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) promoveu o evento Platão: Justiça, Constituição e República.
O evento aconteceu presencialmente no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura. Houve transmissão via plataforma Zoom, com tradução simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A delegação de magistrados de Angola também esteve presente no encontro e pôde acompanhar todo o evento e as palestras.
Abertura
O diretor-geral da EMERJ, desembargador Cláudio Luís Braga dell’Orto, mestre em Ciências Penais pela Universidade Candido Mendes (Ucam), destacou: “É uma grande honra para a EMERJ recebê-los presencialmente para esta reunião do Fórum Permanente de História do Direito, presidido pelo desembargador Carlos Gustavo Direito. Quero, em nome da magistratura do Rio de Janeiro e da EMERJ, agradecer aos palestrantes que se dispuseram a estar conosco hoje neste evento tão importante sobre Platão: Justiça, Constituição e República. Este é mais um dos temas fundamentais que temos trazido para discussão em encontros como este, essenciais para o desenvolvimento do pensamento – não apenas o pensamento jurídico, mas também a aplicação da filosofia em nossa vida, pois filosofia é vida, é matemática, é ciência, é tudo. Portanto, se queremos pensar em uma vida melhor, devemos refletir a partir da ótica filosófica. Na EMERJ, nesta gestão que iniciamos em 7 de fevereiro, queremos exatamente uma administração marcada por esse pensamento filosófico e por uma abordagem socioambiental, pois precisamos pensar na vida em nosso planeta.”
O presidente do fórum, desembargador Carlos Gustavo Direito, doutorando em Metafísica na Universidade de Brasília (Unb) e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pontuou: “Desde o início de sua gestão à frente da EMERJ, o desembargador Cláudio Luís Braga Dell’Orto tem buscado promover esse diálogo interdisciplinar entre o Direito e todas as matérias afins. Espero que o evento de hoje se propague e que não seja apenas um encontro pontual, mas um espaço onde possamos manter um diálogo constante com a filosofia. É muito significativo e emblemático que, na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, tenhamos um diálogo sólido com a filosofia e a história. A proposta do fórum é justamente preservar, fortalecer e dar continuidade a esse diálogo interdisciplinar entre o Direito e outras áreas do conhecimento, como a história, a filosofia e a antropologia.”
Palestrantes
O professor titular de Filosofia Antiga do departamento de Filosofia da Unb, ex-presidente da International Plato Society, Gabriele Cornelli, doutor em Filosofia Antiga pela Universidade de São Paulo (USP), ressaltou: “É um grande prazer estar aqui ao lado dos melhores estudiosos de Platão que temos hoje no país. Vocês sabem que A República de Platão, como toda obra da literatura antiga, é repleta de imagens e mitos. Todo mundo se lembra da República de Platão pelo famoso mito da caverna, e muitos também recordam o julgamento final das almas no desfecho da obra. São imagens que fazem parte da nossa cultura ocidental e estão, certamente, entre as passagens mais estudadas das obras platônicas, senão de toda a história da filosofia. A imagem do navio na República, embora frequentemente receba apenas uma nota de rodapé em obras de cientistas políticos, recebeu, de fato, uma atenção bem menor do que outras metáforas da tradição. Talvez alguém a ouça pela primeira vez hoje.”
A professora associada do Departamento de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Luisa Buarque, doutora em Filosofia pela UFRJ, salientou: “Começarei minha fala explicando um pouco sobre o meu título: ‘Como a Amizade Conta na Equação Política?’. É um tema singelo, mas parte de um certo estranhamento, pois, para nós, hoje em dia, parece ao menos incomum que os temas da amizade e da afeição tenham relevância nessa equação política. É claro que podemos imaginar que tópicos mais estritamente econômicos, como a questão da herança, por exemplo, entrem no debate público. No entanto, dificilmente a amizade será considerada um problema político. Ainda assim, esse não é o caso nas teorias políticas de Platão e Aristóteles.”
O diretor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio, Renato Matoso Brandão, doutor em Filosofia Antiga pela PUC-Rio e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Platonistas, concluiu: “Começarei fazendo algumas observações preliminares sobre os diálogos de Platão, que, como bem mencionou o desembargador Carlos Gustavo Direito, são um drama filosófico. Mas o que isso significa? Significa que Platão não escreve sua produção filosófica por meio de tratados, como fazemos atualmente, mas sim por meio de diálogos, nos quais personagens interagem entre si e, por meio dessas interações, apresentam ao leitor os problemas, as questões e as soluções filosóficas discutidas. É da interação entre Sócrates, Trasímaco, Glauco e Adimanto que surge a argumentação de Platão sobre as relações entre justiça, poder e felicidade, tanto na cidade quanto no indivíduo.”
A professora adjunta de História da Filosofia Antiga do Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC (CCNH/UFABC) Maria Cecília Leonel Gomes dos Reis, doutora em Filosofia pela USP, também compôs a mesa de debate.
Assista
Para assistir na íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=_bSsBQW6c9I
Fotos: Jenifer Santos
27 de março de 2025
Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)